Por que o Hulk é o meu personagem favorito criado por Stan Lee?

Por que o Hulk é o meu personagem favorito criado por Stan Lee?

No Hulk, essa simplificação ocorre de maneira verdadeiramente direta, e proposital, mas o produto gerado não é um vigilante impulsionado por um senso de dever, e sim um problema que angustia perturbadoramente o seu protagonista. A dicotomia é transformada em ambiguidade: de um lado temos Bruce Banner, um tímido, porém arrogante e seguro, cientista. Figura complexada e culpada. De outro, uma abominação onipotente e incontrolável, que representa seu instinto de sobrevivência, face à tentação autodestrutiva que domina seu alter ego. Nunca antes, em uma cultura de massas, aspectos de uma cisão freudiana do ego haviam sido colocadas de maneira tão simples e clara.

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Manifesto Comunista e biografia em quadrinhos colocam Marx como autor que desafia o tempo

Manifesto Comunista e biografia em quadrinhos colocam Marx como autor que desafia o tempo

Os desenhos de Rowson mostram Marx e Engels como espécies de anjos ateus que nos guiam por ilustrações de porte avantajado, barrocas e eventualmente escatológicas, com algo de dantesco, mostrando o aspecto indecente e imoral do crescimento da burguesia industrial. Monstros mecânicos monumentais, fábricas sinistras e máquinas fantasmagóricas processam o trabalhador como se fossem transformá-lo numa salsicha de sangue, sempre em escalas de minúcias que poderiam nos tomar bastante tempo observando.

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Luzes de Niterói: o esgarçar do tempo

Luzes de Niterói: o esgarçar do tempo

Quando Hélcio quase se afoga em um mergulho, prendemos a respiração junto com ele. Durante a forte tempestade enfrentada pelo beque e seu amigo em uma débil canoa, sentimos sua aflição e a proximidade da morte. A sequência, que ocupa cerca de 60 páginas, traz uma das mais potentes representações gráficas de chuva já vistas nos quadrinhos. Me senti encharcado ao final da leitura.

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Rapidinhas #12

Rapidinhas #12

As Rapidinhas estão entre as mais tradicionais colunas da RAIO LASER. Quem não gosta de receber um pacote fresquinho de resenhas curtas, sobre quadrinhos dos mais mainstream ao mais independente, sempre com franqueza e qualidade? Desta vez são 13 novos textos. Leia a compartilhe o que te interessar!

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ZIP 100: meus 15 quadrinhos favoritos

ZIP 100: meus 15 quadrinhos favoritos

O que eu vejo nos quadrinhos que se difere das outras formas de expressão? É uma pergunta dura, cheia de armadilhas, mas seu aspecto capcioso está, na verdade, correto: o quadrinho é a forma de arte que nos permite abolir uma linha distintiva entre as subjetividades infantil, adolescente e adulta. Permite uma formação cíclica, nietzschiana, de uma ética humana sem fronteiras disciplinares, institucionais. Charlie Brown, Mônica, Calvin, Mafalda: são crianças que rompem estes muros que nos formatam como “cidadãos”. E Crumb, Alan Moore, Al Capp, etc., são crianças grandes que imaginam e escrevem para nos alertar disso. E assim falou Zaratustra.

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Quadrinhos para quem?

Quadrinhos para quem?

Como disse na primeira linha do texto, tenho uma relação afetiva com as HQ’s. Isso me coloca na categoria dos entusiastas. Somos leitores cuja experiência com os quadrinhos foi de tal modo distinta que transcendeu as finalidades mais banais dos gibis, como passatempo ou um colecionismo completista. Não se trata aqui de algo que se adquire com o tempo, mas sim de uma identificação com a linguagem que é marcada pela curiosidade. São leitores e leitoras que não se fixam a um gênero específico, mas que se interessam pelas diferentes facetas dos quadrinhos. Estão presentes nas feiras e nas bancas, consomem e dão feedback constante sobre aquilo que leem. Para estes leitores, o quadrinho impresso ainda é de grande valor, embora consumam quadrinhos eletrônicos da mesma forma. Eles se esforçam em distinguir valores artísticos nas páginas. Seja uma beleza clássica de um Alex Raymond ou o experimentalismo indie de um Chris Ware.

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Mapinguari, de Gabriel Góes e André Miranda: o folclore como revelação

Mapinguari, de Gabriel Góes e André Miranda: o folclore como revelação

A lenda do mapinguari tem uma forte reverberação simbólica nesta sólida história trazida para nós na forma de romance gráfico por Gabriel Góes e André Miranda. A criatura desfigurada das selvas que, segundo Câmara Cascudo, “é o mais popular dos monstros da Amazônia”, seria o resultado de uma espécie de pacto fáustico realizado por um indígena em busca da eternidade. Ele teria conseguido o que queria, mas acabou se transformando numa abominação devoradora de cérebros, coberta de pelo espesso, garras, pés tortos, odor insuportável e uma bocarra no meio da barriga. Coisa de pesadelos que teria sido inspirada no animal eremotherium, a preguiça-gigante que habitou o Brasil pré-histórico. 

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