HQ em um Quadro: A capa de Super-Homem versus Mulher-Maravilha

HQ em um Quadro: A capa de Super-Homem versus Mulher-Maravilha

Multimodalmente, a capa deixava claro o que ia acontecer: “A LUTA A QUE VOCÊ NUNCA PENSOU ASSISTIR!”. Afinal de contas, eram dois super-heróis brigando ENTRE SI! Isso pode parecer normal nos dias de hoje, e sempre foi comum nas HQs da Marvel (onde os marrentos novaiorquinos se estranhavam o tempo todo diante dos mais singelos mal-entendidos), mas na DC todos eram amigos, ou melhor, superamigos. Não havia chance de dois Super Amigos (o desenho animado estreara no Brasil três anos antes, e a EBAL publicava o gibi homônimo) brigarem sem que um ou outro ou ambos estivessem sendo controlados mentalmente por um Brainiac da vida (ou sob os efeitos da kriptonita prateada). Um outro motivo por que essa era A LUTA A QUE EU NUNCA PENSARA ASSISTIR é que, diacho, a Mulher-Maravilha é uma MULHER e a toda criança SABE que em menina não se bate! Como assim, o Super-Homem vai BATER nela?!?!

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LASERCAST #23 - O reino dos super-homens

LASERCAST #23 - O reino dos super-homens

Definido por Nobu Chinen (2011) como o ícone de um gênero que mudou a história dos quadrinhos e por Sérgio Augusto (1971) como o protótipo de uma linhagem inesgotável de superseres, o Super-Homem não apenas subsidiou a criação do gênero Super-Herói como originou um arquétipo que vem sendo explorado nos quadrinhos com as mais variadas intenções.

Instigados por três reinterpretações do seminal super-herói em HQs recentemente adaptadas para canais de streaming - The Boys (Amazon Prime, 2019/2020), Invencível (Amazon, 2021) e O Legado de Júpiter (Netflix, 2021) - resolvemos discutir o histórico e os motivos para a existência, nas Histórias em Quadrinhos, destes e dos demais personagens que assimilam, parodiam ou amplificam diferentes características do Homem de Aço, bem como suas contribuições para o próprio personagem da DC Comics.

Para isso convidamos dois especialistas em superseres. Designer, escritor, tradutor de quadrinhos (Promethea, Astro City, Elric, Tom Strong, entre outros) e quadrinista (Para tudo se acabar na Quarta-Feira e Psicopompo), Octavio Aragão é professor da Escola de Comunicação da UFRJ, onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas e a SIQ - Semana Internacional de Quadrinhos da UFRJ. Jornalista e escritor, Thales Martins escreveu livros sobre a adaptação de personagens consagrados das HQs para a televisão (Quem é Jessica Jones? e Dossiê Preacher: Quem é Jesse Custer?), foi um dos fundadores do site melhoresdomundo.net e atualmente pesquisa cultura brasileira em Games e Cinema Novo na UFJF. (BP)

Participam do debate: Raimundo Lima Neto, Bruno Porto, Octavio Aragão e Thales Martins.

Edição: Eder Freire

Disponível em: SPOTIFY, APPLE PODCASTS, GOOGLE PODCASTS, CASTBOX, ANCHOR, BREAKER, RADIOPUBLIC, POCKET CASTS, OVERCAST, DEEZER

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HQ em um Quadro: Paratextos ficcionais e multimodais em Super-Homem versus Mulher-Maravilha - por Gerry Conway, José García-López e Dan Adkins.

HQ em um Quadro: Paratextos ficcionais e multimodais em Super-Homem versus Mulher-Maravilha - por Gerry Conway, José García-López e Dan Adkins.

por Bruno Porto

Splash page de “Super-Homem versus Mulher-Maravilha” (Gerry Conway, José García-López e Dan Adkins, 1978): A trama de Super-Homem versus Mulher-Maravilha se passa após a entrada dos EUA na Segunda Guerra e gira em torno do conflito de opiniões entre os dois protagonistas acerca do desenvolvimento da bomba atômica: enquanto a Filha da Ilha Paraíso considera inconcebível o poder de destruição do artefato, o Homem de Aço está disposto a protegê-lo em prol dos valores estadunidenses. Saem na mão mas têm que se unir para impedir que dois supervilões do Eixo - Sumo e Barão Blitzkrieg, criados para a aventura - se apoderem dela. A EBAL publicou a HQ no Brasil no final de 1978 como seu Almanaque de Quadrinhos 1979, no mesmo formato tablóide de 27 cm x 36 cm adotado para confrontos épicos do Kryptoniano com o Homem-Aranha (1977), Muhammad Ali (1979) e o Capitão Marvel (1980).

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SUPERMAN - ANO UM : FRANK MILLER E JOHN ROMITA JR. ATINGEM O ÁPICE. SÓ QUE DE CABEÇA PRA BAIXO

SUPERMAN - ANO UM : FRANK MILLER E JOHN ROMITA JR. ATINGEM O ÁPICE. SÓ QUE DE CABEÇA PRA BAIXO

por Márcio Jr.

Frank Miller e John Romita Jr. se superaram. Por mais baixas que fossem as expectativas em relação a Superman: Ano Um – enésima e desnecessária recriação do mais icônico e soporífero super-herói –, a multiplatinada dupla foi capaz de entregar uma “obra” ainda pior. Dá para sentir o cheiro de longe.

É como se Miller e Romitinha tivessem chegado ao fundo do poço. E encontrado uma pá. Ou seja, estamos falando de lixo laborioso. Tempo e trabalho consumidos para forjar, meticulosamente, o ponto mais baixo da carreira de ambos. Um feito e tanto.

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Os super-heróis e sua essência: uma discussão válida ou uma falsa ideia conceitual?

Os super-heróis e sua essência: uma discussão válida ou uma falsa ideia conceitual?

Esses dias, novamente participei de um debate sobre um velho assunto: super-Heróis. Realmente era mais um daqueles debates homéricos e cheios de argumentos sofisticados da parte dos debatedores, quando um amigo postou uma crítica de um especialista sobre o segundo e o terceiro filme do Capitão América, Soldado Invernal e Guerra Civil, respectivamente.

O autor da crítica fez comparações dos filmes aqui citados com outros filmes de super-heróis recentes, mais especificamente, a trilogia do Batman, de Christopher Nolan, X-Men: First Class, Homem de Aço, de Zack Snyder, Batman vs Superman, Liga da Justiça, Vingadores, tanto o Guerra Infinita quanto Ultimato, entre outros.

Muito já se falou sobre todos esses filmes, hoje já canônicos no que concerne ao gênero no cinema, e não quero me deter muito nos mesmos. Vamos dizer, entretanto, que a discussão se resumiu à premissa de que os super-heróis de todos esses filmes fazem parte, mais ou menos, de uma onda realista de representação do arquétipo “super-herói”, um olhar no qual estaria expressada a complexidade de nosso mundo e no qual os temas abordados nos filmes não mais se apegariam ao binômio maniqueísta do bem contra o mal, tão tradicionais desse gênero narrativo.

Vamos dizer que, apesar de ainda existir a típica luta do bem contra o mal e todos os filmes de super-heróis mais recentes, as coisas seriam menos "preto no branco" do que parecem ser à primeira vista. Pois bem, já escrevi algo a respeito e tenho uma opinião muito pessoal de que nós, seres do mundo contemporâneo, apenas acreditamos que não somos mais tão maniqueístas assim, uma crença muitas vezes carente de conteúdo em minha opinião. Mas não quero me demorar nesse ponto, até porque eu sairia do debate aqui apresentado.

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Melhores leituras de 2019 #02 - Márcio Jr.

Melhores leituras de 2019 #02 -  Márcio Jr.

por Márcio Jr.

Sou um sujeito sistemático, metódico, cheio de ritos. A um passo da neurose. A vida me atropela e, ainda assim, tento me equilibrar através de sistemas e jogos mentais. Nem sempre dá certo. Quase nunca.

Com relação aos quadrinhos, anoto numa agenda – mês a mês, em duas colunas distintas – o que comprei e o que li. A desproporção é de três para um. Uma pilha que só aumenta ao longo dos anos. E que demonstra que esta não é, definitivamente, uma relação saudável. Pena que terapia seja (ainda) mais caro que gibi.

Revendo minhas anotações do Ano 1 da Era Bozo, percebo que li menos que nos anos anteriores. As compras também diminuíram (mas a média de três para um manteve-se inabalada – o que não é bom sinal). Mesmos as escolhas de leitura não foram as mais acertadas. Alison Bechdel, Richard McGuire e Emil Ferris seguem, para minha vergonha, aguardando uma confluência (psicopatológica) de astros para serem fruídos com a devida atenção.

De toda e qualquer forma, segue aí minha lista das 13 melhores leituras do ano. Sem hierarquia, óbvio. Por elas, boto a mão no fogo. E por que 13? Não gosto de perder a oportunidade (por mais ínfima que seja) de azucrinar apoiadores do Bozo. Se bem que duvido que algum deles leia a Raio Laser. Ou qualquer outra coisa.

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Primeiros encontros entre Batman e Superman

Em fevereiro realizamos mais uma edição do nosso curso História dos Quadrinhos - Trajetória de uma Arte Sequencial e nos deparamos com uma turma muito interessada, conhecedora dos quadrinhos e disposta a ampliar e dialogar sobre este conhecimento. Dentre nossos melhores alunos estava o jornalista João Rodrigues, com experiência em jornais, blogs e podcasts, cujo objetivo atual é se especializar em cultura pop. Pedimos para ele escrever algo para a gente e ele trouxe este texto sobre a história dos encontros (e confrontos) entre Batman e Superman nos quadrinhos, aproveitando o gancho do novo filme de Zack Snyder. Como o filme saiu esta semana, achamos que era bom apresentar a vocês não apenas o texto, mas também este novo colaborador. Aproveitamos o espaço para, na caixa de comentários, debatermos também a respeito da qualidade do filme, que tem dividido opiniões. De um lado, a crítica "chauvinista" que achou seu roteiro irregular, cheio de furos e com precária caracterização dos personagens. De outro, os fãs dos personagens, que ficaram exultantes com o caráter sombrio, e boa direção de arte e os desdobramentos realistas do filme. E você, o que achou? Valeu João! (CIM)

por João Rodrigues

Batman vs Superman - A Origem da Justiça está chegando. O filme de Zack Snyder continua as histórias do Homem de Aço interpretado por Henry Cavill e trará o primeiro encontro dele com Ben Affleck no papel de Batman.  Pelos trailers e sinopses apresentados, já é fato que Bruce Wayne vai caçar Superman por causa da destruição causada na luta entre o herói e o general Zod. Para quem acompanha quadrinhos, o que foi divulgado até o momento não é nenhuma surpresa: os dois irão se enfrentar e logo virarão parceiros.  Porém, alguém sabe como se deu o primeiro encontro entre os dois nos quadrinhos? Bem, antes de fazer essa pergunta é preciso especificar de qual história (em que os dois estrelam pela primeira vez juntos) estamos falando. Sim. Heróis de gibis americanos têm sua origem recontada diversas vezes para não ficarem desatualizados com o passar do tempo.  Assim, personagens octogenários como Batman e Superman já se encontraram pela "primeira vez" muitas vezes.  Vamos conhecer alguns dos primeiros encontros entre os dois:

O primeiro dos primeiros:

O primeiro encontro: absurdo e na surdina

No período pós Segunda Guerra Mundial, os quadrinhos de super-heróis ficaram impopulares devido à onda de pessimismo devastadora deixada na sociedade norte-americana pelo conflito. Poucos heróis não foram cancelados. Superman e Batman foram dois deles (lembrando que a Marvel Comics ainda era chamada de Timely Comics e seus heróis populares - Homem-Aranha, X-men, Quarteto Fantástico - ainda não tinham sido criados).  Em Superman 76, publicado em 1952, Clark Kent e Bruce Wayne estão viajando de férias no mesmo cruzeiro. Como o navio estava lotado, os dois foram hospedados na mesma cabine. Do lado de fora, Lois Lane se mete em perigo para variar. Os dois heróis precisam se vestir para ajudar. Para não ser descoberto, Bruce diz que vai dormir e apaga a luz. Ele queria virar o Batman para ver o que estava acontecendo. Clark aceita, já que também pretendia aproveitar a escuridão pela mesma razão.

Porém, a luz de um farol ilumina o quarto deles e ambos vêem um ao outro assumindo suas identidades secretas. Sem nada podendo ser feito, os heróis se unem e resolvem a situação e prendem os responsáveis por uma tentativa de assalto. Depois, Clark e Bruce trabalham em conjunto para convencer Lois Lane de que eles não são Superman e Batman. A história possui toda a simplicidade e inocência costumeiras da Era de Ouro. Foi escrita por Edmond Hamilton e desenhada por Curt Swan. 

Na verdade, ambos já dividiam a mesma revista, World's Finest Comics, mas em histórias separadas. Após Superman 76, eles se encontrariam diversas vezes. Na Era de Prata, eram muito amigos.

O primeiro após Crise nas Infinitas Terras:

Em 1985, a DC Comics lançou a minissérie em 12 edições Crise nas Infinitas Terras. A saga foi criada para acabar com a cronologia confusa de décadas  e com a ideia das terras paralelas do Universo DC. Ao término dela, só uma terra existia e a origem de todos os heróis foi atualizada e recontada. A de Batman aconteceu no famoso arco de histórias Batman - Ano Um, escrita por Frank Miller, nas edições 404 a 407 de seu título mensal nos Estados Unidos. Já o Superman foi totalmente revitalizado pelas mãos de John Byrne na minissérie The Man of Steel, com desenhos de Dick Giordano. Com personalidades bem diferentes das da Era de Ouro, a nova versão do primeiro encontro dos dois, que aconteceu na terceira edição do arco, não foi amistosa como a anterior.  

Batman está em Gotham City caçando uma vilã quando sua corda é puxada por Superman, que queria prendê-lo por suas atividades ilegais de vigilante. Sabendo que esse encontro podia acontecer um dia, o Homem-Morcego diz que se o kryptoniano tocar nele, uma explosão acontecerá em algum ponto de Gotham matando um inocente.

Sem escolhas, o alter-ego de Clark Kent ajuda o morcego em sua caçada. Após a vilã ser presa, Superman descobre que Batman mentiu parcialmente e que a única vida em risco era a dele mesmo. Assim, mesmo contrariado, o Homem de Aço adquire um pouco de respeito e o deixa em paz. Bruce o vê partindo e lamenta que não possa chamá-lo de amigo. 

A história enfatiza a diferença entre um e outro. Um representava a luz e a esperança. Outro, a frieza e o pessimismo adquirido pelo assassinato dos pais. Obviamente, mais tarde ambos viraram amigos e atuaram juntos diversas vezes e também na Liga da Justiça.

A trama se passa no período conhecido como Era de Bronze dos quadrinhos norte-americanos. Nessa época, o comics code authority (Código de Ética dos quadrinhos americanos) estava em declínio. A inocência criada na Era de Prata deu lugar a tramas com elementos mais pesados como drogas, guerras e questões sociais que eram debatidas na época. Mesmo os que não traziam esses temas acabavam mostrando personagens com mais toques de realismo em seus comportamentos. 

Assim, Byrne e Miller deram comportamentos totalmente diferentes e bem definidos aos dois heróis no período Pós-Crise. Eles se respeitavam mutuamente, mas um desaprovava os métodos do outro. Suas aventuras conjuntas retornaram com Superman/Batman, publicada entre 2003 e 2011. Jeph Loeb escreveu os 25 primeiros números, mas saiu depois. A série terminou na edição 87. O primeiro arco da revista - Inimigos Públicos - virou animação em 2009.

Novos 52 e novo primeiro encontro:

Quase trinta anos depois de Crise nas Infinitas Terras, a DC novamente resolveu reiniciar sua cronologia e começar do zero. Assim sendo, os heróis tiveram suas origens novamente contadas. Esse é o mundo dos Novos 52. 

Esse primeiro encontro dos dois heróis não ocorreu somente entre eles, mas com todos os membros que formariam a Liga da Justiça. Na trama escrita por Geoff Johns e desenhada por Jim Lee, Batman conhece o Lanterna Verde e ambos estão sendo caçados por policiais que consideravam os vigilantes perigosos na época. No final da primeira edição, Superman aparece. 

Pensando que o Cavaleiro das Trevas e o Gladiador Esmeralda eram os responsáveis por um ataque que sofreu mais cedo, Superman avança contra ambos. Logo, o Flash aparece tentando acalmar a situação e evitar danos, mas acaba piorando as coisas. Sempre frio e calmo, Batman consegue ser ouvido por todos e explica que não teve nada a ver com o ataque. Como a polícia aparece novamente, os quatro fogem. 

Não irei me prolongar muito na história, pois ela não é o ponto deste texto. Os demais membros - Cyborg, Mulher-Maravilha e Aquaman, aparecem depois e todos detêm uma tentativa de invasão à terra liderada por Darkseid. Após o confronto, a Liga da Justiça é formada. O arco foi publicado entre a primeira e a sexta edições da segunda série da revista Liga da Justiça pela Panini Comics, e também no encadernado, lançado recentemente, Liga da Justiça - Origem. Uma versão animada da história (Justice League - War) também foi lançada. Até o momento, essa é a atual origem da parceria entre os dois.  Não há um consenso sobre o nome da era que estamos vivendo e nem uma caracterização dela. Hoje, temos diversos tipos de histórias dentro do mesmo universo. Boas, ruins, infantis, juvenis, adultas...

No caso d'Os Novos 52, a DC está sendo criticada por tirarem elementos importantes da personalização dos heróis. O Superman não fez sucesso. A nova versão não traz sua personalidade e imponência combinados à  humildade, como estamos acostumados. É um herói que não tem como inspirar os demais. Alguns super-heróis de quadrinhos estão sofrendo com o sucesso do cinema. Claro que é bom que os filmes estejam aí! Mas não podemos misturar as coisas. As HQs precisam manter suas identidades e não misturarem as coisas. Senão, os heróis podem não alçar os voos gloriosos de outrora.