LASERCAST #85 - WERTHAM ESTAVA CERTO?

LASERCAST #85 - WERTHAM ESTAVA CERTO?

Em 1954 o psiquiatra Fredric Wertham publicou A Sedução do Inocente. Pouco depois disso foi criado o Comics Code Authority e o resto é história. A indústria dos quadrinhos nunca mais foi a mesma. Será mesmo? Que história é esta repetida aos mil ventos, por gente como você e eu, como se fossem favas contadas, como se não tivesse pormenores que pudessem ser questionados? Poderia o alemão Wertham, que virou sinônimo de arqui-inimigo dos quadrinhos tal qual um cientista maluco das histórias da era de prata, ter algum tipo de redenção? Poderíamos calibrar melhor sua participação no comic book scare que ocorreu nos anos 1950 nos Estados Unidos e acabou se estendendo ao resto do mundo?

São algumas destas perguntas que o histórico editor Rogério de Campos (atualmente à frente da Veneta) se propôs, após longa pesquisa, a investigar em seu recente ensaio O Segredo da Sedução do Inocente (Veneta, 2025). Nesse texto, Rogério procura pensar, em primeiro lugar, no verdadeiro papel de Wertham em uma caça às bruxas dos quadrinhos que já estava em andamento muito antes que o livro fosse publicado, perpetrada principalmente pelo fundamentalismo cristão. Em segundo lugar, Wertham pode ter deformado, alterado ou simplesmente inventado diversos dados em seu livro, mas o que de fato é injusto ou nocivo ali? Rogério acredita que o livro do psiquiatra pegou carona em uma onda já pronta para se surfar, e que algumas de suas proposições eram justas, como a ideia de se colocar classificação indicativa para quadrinhos.

O Segredo da Sedução do Inocente certamente não redime o equivocado best-seller de 1954, mas procura situá-lo em um contexto bem mais complexo, onde uma manobra feita pelas grandes editoras para controlar o mercado de HQs nos anos 1950 (encabeçada pela DC Comics) teria sido muito mais importante para a falência de editoras como a EC Comics do que o livro de Wertham. Curiosamente, algumas proposições e trabalhos de Wertham (como sua luta contra o racismo nas HQs e apoio a instituições psiquiátricas para a população negra) podem ser consideradas progressistas hoje em dia, e isso se estende ao exagero de violência na cultura pop de sua época.

Neste ótimo episódio do Lasercast, Rogério de Campos se junta a Bruno Porto, Ciro Marcondes e Marcão Maciel para levantar todos estes pontos e responder à famigerada pergunta: was Wertham right? (CIM)

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Melhores leituras de 2019 #02 - Márcio Jr.

Melhores leituras de 2019 #02 -  Márcio Jr.

por Márcio Jr.

Sou um sujeito sistemático, metódico, cheio de ritos. A um passo da neurose. A vida me atropela e, ainda assim, tento me equilibrar através de sistemas e jogos mentais. Nem sempre dá certo. Quase nunca.

Com relação aos quadrinhos, anoto numa agenda – mês a mês, em duas colunas distintas – o que comprei e o que li. A desproporção é de três para um. Uma pilha que só aumenta ao longo dos anos. E que demonstra que esta não é, definitivamente, uma relação saudável. Pena que terapia seja (ainda) mais caro que gibi.

Revendo minhas anotações do Ano 1 da Era Bozo, percebo que li menos que nos anos anteriores. As compras também diminuíram (mas a média de três para um manteve-se inabalada – o que não é bom sinal). Mesmos as escolhas de leitura não foram as mais acertadas. Alison Bechdel, Richard McGuire e Emil Ferris seguem, para minha vergonha, aguardando uma confluência (psicopatológica) de astros para serem fruídos com a devida atenção.

De toda e qualquer forma, segue aí minha lista das 13 melhores leituras do ano. Sem hierarquia, óbvio. Por elas, boto a mão no fogo. E por que 13? Não gosto de perder a oportunidade (por mais ínfima que seja) de azucrinar apoiadores do Bozo. Se bem que duvido que algum deles leia a Raio Laser. Ou qualquer outra coisa.

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