BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE BRASÍLIA – BILB

BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE BRASÍLIA – BILB

Evento literário em Brasília conta com programação dedicada às histórias em quadrinhos


A capital brasileira recebe, entre 21 e 30 de outubro, a 5ª edição da Bilb, a Bienal Internacional do Livro de Brasília, que vai ocupar o Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade com vasta feira de livros e a presença de autores para mesas de debates, bate-papos, lançamentos e sessões de autógrafos. A programação conta ainda com uma programação dedicada às histórias em quadrinhos, com nove artistas convidados: Ilustralu (RN) e Paulo Moreira (PB) no sábado, dia 22; Mateus Santolouco (RS) no domingo, dia 23; André Dahmer (RJ) na segunda-feira, dia 24; Jefferson Costa (SP) na terça-feira, dia 25; o francês Zanzim, ilustrador de Pele de homem (lançada no Brasil em 2021 pela editora Nemo) na quarta-feira, dia 26; Fabiane Langona (RS) na quinta-feira, dia 27; Fernando Gonsales (SP), na sexta-feira, dia 28; e Lelis (MG), no sábado, 29 de outubro.

Os artistas vão participar de bate-papos sobre suas trajetórias – conduzidos pelo jornalista Pedro Brandt, da equipe do site sobre histórias em quadrinhos Raio Laser (www.raiolaser.net), responsável pela curadoria de autores de histórias em quadrinhos da Bienal – seguidos de sessões de autógrafos.

A programação da Bilb voltada para quadrinhos conta ainda, nos dias 22, 23 e 29, com uma Ala dos Artistas, com talentos dos quadrinhos do Distrito Federal, e, nesses mesmos dias, de 10h30 às 14h30, com uma oficina de iniciação à serigrafia ministrada por Leandro Mello, realizador da feira de artes gráficas Motim.

A entrada para a Bilb é gratuita e os ingressos devem ser retirados pelo site bilb.com.br.

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Gibiteca TT Catalão: nova era, em busca do tempo perdido

Gibiteca TT Catalão: nova era, em busca do tempo perdido

por Pedro Brandt

A nova gibiteca do Espaço Cultural Renato Russo tem aproximadamente 23 mil títulos, entre quadrinhos de super-heróis, mangás, HQs infantis, periódicos e, em quantidade bem menor, graphic novels. Raimundo Lima Neto pintou um belo mural no local, e telas assinadas pelo veterano Jô Oliveira, anteriormente parte da decoração da desistalada gibiteca da Biblioteca Demonstrativa, agora também estão lá. Só posso desejar, depois de tantos anos desmontada, que a gibiteca recupere esse tempo perdido e que encante novos frequentadores como encantou a mim na adolescência – e que a sua existência, mais uma vez, incentive novas realizações artísticas e culturais e iniciativas empreendedoras.

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Brasília 60 anos – aparições de um imaginário em quadrinhos

Brasília 60 anos – aparições de um imaginário em quadrinhos

Há exatos 60 anos, em 21 de abril de 1960, Brasília era inaugurada como a nova capital do Brasil. Além do impacto no país, por razões óbvias, o acontecimento foi notícia na imprensa internacional, que relatou, com assombro e otimismo, a novíssima cidade brasileira. Filmagens, fotografias e outros registros da época ainda impressionam ao mostrar o que parece uma maquete de prédios de arquitetura modernista no meio do deserto – um deserto, aliás, de terra vermelha, que as fotos em preto e branco não conseguiam mostrar.

Muitas outras fotos, tanto da construção de Brasília quanto de seu cotidiano nos primeiros anos, revelam – ou ao menos insinuam – o vazio e a amplitude monumental da cidade – ainda em obras, muito tempo depois da inauguração. Se vistas hoje essas imagens impressionam, imagine o efeito há seis décadas. Especialmente naqueles tempos, Brasília causava estranhamento, fascínio e uma inegável associação com localidades antes apenas vistas ou imaginadas em obras de ficção. E, especificamente, de ficção científica. Esse imaginário sobre a cidade, muitas vezes fantasioso e focado principalmente nas edificações criadas por Oscar Niemeyer, não demorou para reverberar na cultura pop. E não seria diferente nas histórias em quadrinhos.

Ao longo de anos, fui juntando alguns quadrinhos com menções a Brasília, em especial aqueles que criaram algo a partir do imaginário futurista da cidade, mais do que retratá-la como mero cartão postal ou como a cidade onde moram e (aspas opcionais) trabalha parte dos políticos brasileiros. O que vem a seguir não se pretende como uma lista definitiva ou completa das aparições da capital do Brasil em histórias em quadrinhos. Optei por um recorte que passeia pelo inusitado e pitoresco, com algo de histórico e, acima de tudo, para encher os olhos, coisa bonita de ser ver. Como eu acho que Brasília é – e, gostaria de acreditar, os autores aqui relacionados também acharam quando produziram esses quadrinhos.

Este post é também uma homenagem às seis décadas da nova capital. Um aniversário sem festa durante a quarentena, mas que não poderia passar em branco na Raio Laser.

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Cinco leituras sobre e para quarentena

Cinco leituras sobre e para quarentena

Reunimos o time completo da Raio para indicar, sem qualquer tipo de restrição, uma leitura de quarentena. Uns foram para o tema do drama que vivemos hoje. Outros para razões pessoais. Todos estão com o c* na mão. (CIM)

por Ciro I. Marcondes, Pedro Brandt, Lima Neto, Marcos Maciel de Almeida e Márcio Jr.

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PIPOCA & NANQUIM SOLTA O VERBO!

PIPOCA & NANQUIM SOLTA O VERBO!

Contabilizando a quantidade de conteúdo – textos e, especialmente, vídeos – do site/canal Pipoca & Nanquim, é perceptível uma dedicação exemplar ao projeto. O nível da qualidade textual e o gosto diferenciado nas escolhas dos assuntos abordados está a anos luz da média da internet brasileira – uma raridade, pode-se dizer. O carismático trio formado por Alexandre Callari, Bruno Zago e Daniel Lopes, ainda por cima, estreou em 2017 a editora Pipoca & Nanquim. Uma conquista não apenas deles, mas dos leitores brasileiros interessados em quadrinhos que fujam do convencional.

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Billy Soco – Um tributo à infância

por Pedro Brandt

Tendo praticamente a mesma idade de Gabriel Góes, vi, vivi e consumi – intensamente – muitas das mesmas paixões dele. Não foram poucas as vezes, por exemplo, que conversamos sobre bonecos – action figures, se você preferir. Até hoje, quando nos encontramos, ele me cobra uma visita ao meu acervo de figuras de ação – que, nos últimos anos, vem sendo, pouco a pouco, misteriosamente dilapidado. Estariam os seres de plástico fugindo da caixa?

Acredito que o melhor período para os bonecos de ação durou a década de oitenta até meados da de noventa. Depois disso, os bonecos – os de brincar, não os de enfeitar – nunca mais foram tão legais. Estaria eu deixando a nostalgia (sempre ela!) pesar nessa afirmação? Talvez. Mas quem foi criança na época se lembra: He-Man, Comandos em Ação, Thundercats, Super Powers, Rambo, Tartarugas Ninja... O design dos bonecos, a qualidade do material usado, a aplicação de cores e o acabamento, as possibilidades de articulações, os assessórios... E os desenhos animados desses personagens eram hit na televisão, as coleções de brinquedos eram publicizadas nos intervalos comerciais, nas páginas dos gibis, em álbuns de figurinhas e outros incontáveis produtos. Estavam nas vitrines da Mesbla, das Americanas, da Bibabô...  Enfim, esse universo estava por todo lado e fazia a cabeça da molecada numa época ingênua e feliz. Deixou boas recordações para mim. E, tenha certeza, deixou boas recordações para o Gabriel – como atesta Soco, seu mais novo trabalho. Publicado pela editora Beleléu, Soco pode ser encarado como um tributo à infância relido sob uma ótica (acidentalmente ou não) pós-moderna. O personagem-título, Billy Soco, é um super-herói genérico – intrépido, superforte e insípido – desses que surgem durante uma aula entediante nas últimas folhas de um caderno do primeiro grau. E, para este Soco, isso basta. Góes, certamente, não quer reinventar o gênero super-herói. Não quer nem mesmo contar uma boa história do tipo.

Soco sugere um trabalho quase terapêutico, de extrair inspiração, sem pudores ou maiores questionamentos, das mais profundas ranhuras entranhadas na memória, das cicatrizes de felicidade esquecidas ali (nem sempre facilmente acessáveis passados os anos). Por que, na infância, esses bonecos – e seus desenhos animados, revistas em quadrinhos, anúncios de produtos, artes de embalagens – nos fascinam tanto? Soco não quer explicar nada disso. Quer, penso eu, ser apenas um reflexo de memórias e sensações puras.

Soco é um quadrinho de um esteta, para ser consumido com os olhos, tal qual a criança que devora, pupilas brilhando, as imagens vindas da televisão e o mostruário da loja de brinquedos. É um quadrinho que você faria quando criança, desavergonhadamente, feito quase aos 40: heróis e vilões trocando porrada, monstros gigantes, homens da caverna, viagens no tempo, entre dimensões, tudo um monte de bobagem. Mas um deleite visual! É ruim e bom ao mesmo tempo. Ou melhor, é (apenas) bom mesmo! Afinal, Góes, ele mesmo, virou um monstrão do desenho. 

Metade das páginas de Soco é em preto e branco e a outra metade em diferentes tons de vermelho e rosa. A ilustrações se dividem em dois tipos, as intencionalmente toscas e as intencionalmente elaboradas. As toscas, vale ressaltar, são apenas pseudo-toscas, rabiscadas e selvagens seriam definições mais apropriadas. Macaco velho, Góes não consegue mais ser naïf-tosco. 

As refinadas são a síntese do Góes-ismo: têm algo de Kirby, um tanto de indie comics (e aqui cabe um monte de coisa), e outro tanto de design contemporâneo, que bebe da arte urbana e da publicidade das últimas décadas. E é essa teia de informações que faz de Soco e, por conseguinte, do trabalho de Gabriel Góes, tão atraente. 

Ele acena, sem saudosismo ou cinismo, para aquelas memórias adormecidas, nunca esquecidas. É a coleção de bonecos guardada no armário da casa dos pais. A cicatriz no joelho, resultado do tombo de bike. O que fomos e o que gostaríamos de ter sido. O quadrinho imaginado e nunca feito na época da escola. O Billy Soco interno de cada um.

Soco

De Gabriel Góes. 64 páginas. Editora Beleléu. Preço: R$ 35 (à venda aqui)