História de um sobrevivente






















por Pedro Brandt

Quando Gen — Pés descalços foi publicado no Brasil pela primeira vez, em 1999, o boom dos quadrinhos japoneses ainda não tinha chagado às bancas do país. Passados 12 anos, a obra de Keiji Nakazawa continua como um dos melhores mangás já lançados por aqui. Sucesso no Japão, onde foi transformado em desenho animado, três filmes e série de tevê, a obra criada por Nakazawa é um clássico que continua a encantar leitores. Os quatro volumes nacionais da série estão fora de catálogo há algum tempo. Mas o primeiro deles acaba de ser republicado pela Conrad Editora, com nova capa e, desta vez, no sentido oriental de leitura.

Lançado em capítulos entre 1972 e 1973, na revista Shonen Jump (cujo público alvo são adolescentes do sexo masculino), Gen é inspirada na biografia do autor. Natural de Hiroshima, Nakazawa (hoje com 72 anos) é sobrevivente do ataque americano que jogou a bomba atômica sobre a cidade. Neste primeiro volume em especial, boa parte da trama se passa antes do fatídico 6 de agosto de 1945 (dia do bombardeio).

Gen é o quarto dos seis filhos de uma família humilde, os Nakaoka. Seu pai é contra a Segunda Guerra Mundial por acreditar que o conflito não levará a nada e que os mais pobres são os que sofrem com ele. Além do perigo iminente dos ataques aéreos, a população vive sob racionamento de comida. Para piorar, o Sr. Nakaoka é vítima de preconceito por se opor à guerra. É tachado de antinacionalista por quase todos que o cercam. Isso faz com que até uma tigela de arroz lhe seja negada. Os meninos são constantemente apedrejados na rua. O filho mais velho sofre humilhações na fábrica onde trabalha. E a filha, no colégio. Tudo isso é fruto do sentimento incutido pelo império japonês na nação com uma maciça propaganda militarista.

Nasce um herói

Diante de todas as dificuldades, Gen é uma criança feliz. O pai molda seu caráter para se tornar um homem honesto, justo, que não se dobra diante das intempéries. Não à toa, o subtítulo do volume um é O nascimento de Gen/ O trigo verde, ambos fazendo alusão à formação do protagonista como herói. “O trigo pisoteado produz raízes fortes, que se encravam na terra e permitem que ele cresça alto e resistente, capaz de suportar geadas, vento, neve…” é a primeira fala da HQ.

Mais do que os grandes dramas e as pequenas alegrias de Gen e sua família, o mangá também apresenta uma série de críticas que não perderam a validade. A maior delas é a respeito do combate bélico. Uma mensagem humanista e pacifista permeia a história. Além disso, Keiji Nakazawa não deixa de comentar a maneira cega como os japoneses abraçaram o ideário do governo do país naquela época, que colocava o imperador como uma entidade divina a ser obedecida e venerada a todo custo — com o sacrifício da vida se fosse necessário. Isso causou nas pessoas um sentimento que misturava impotência diante da guerra com um arreigado preconceito contra quem não compactuasse com as imposições.


Para dar uma amenizada em assuntos tão pesados, Nakazawa insere elementos cômicos que dão alguma leveza à narrativa. Um bom exemplo é o pequeno Shinji, o levado irmão mais novo de Gen. Ainda que tenha sido publicado numa revista voltada para o público jovem, Gen — Pés descalços é uma história em quadrinhos forte, que pode chocar muitos leitores. As cenas de pessoas derretendo sob efeito da bomba atômica são violentas. Até porque os desenhos do autor têm uma certa fofura que torna as cenas ainda mais impactantes. O primeiro volume da série termina justamente no 6 de agosto de 1945. Gen, que achava que levava uma vida dura, mal sabe o que lhe espera a partir do dia seguinte.



GEN - PÉS DESCALÇOS
De Keiji Nakazawa. 280 páginas. Conrad Editora. R$ 24,90.

HQ em um quadro: primeira visão da suástica nazista, por Art Spiegelman





















"Foi a primeira vez que vi, com meus próprios olhos, a suástica" (Art Spiegelman, 1986): Por motivos de uma demanda de sala de aula (disciplina: "Literatura e Narrativas Modernas"), precisei reler MAUS, a obra máxima de Spiegelman, e este é sempre um ato de redescoberta, como diz Calvino: "Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira". O que me chamou atenção nesta releitura, especificamente para esta seção, entretanto, não foram os inúmeros requadros formidáveis desta HQ. Spiegelman obviamente elabora a trajetória de seu pai no holocausto (e a sua própria, na tentativa de compreender o pai no "presente") com alto grau de metalinguagem, várias camadas interessantes de narração e enunciação, fronteiras difusas e intrigantes entre a memória, a ficção e o documental - enfim, tudo aquilo que torna esta obra uma expressão máxima dos quadrinhos. 

Conforme eu dizia, desta vez um quadro mais sóbrio me chamou a atenção, exatamente porque se tratava de uma releitura. Como eu já sabia o que se passaria na visão brutal e realista do holocausto contada por Vladek Spiegelman, o requadro aberto na página 34 da edição da Cia.das Letras (que traz os dois volumes juntos) irrompeu-se sobre minha leitura monótona como um calafrio que chega sem aviso, antecipando o horror em flashfoward. Vladek está indo de trem à Tchecoslováquia para procurar tratamento psiquiátrico para sua jovem esposa Anja. Ao passar por uma cidadezinha, seu discurso quase técnico e referencial também nos pega de surpresa ao narrar, no requadro panorâmico que fecha a página, as seguintes legendas: "Era o começo de 1938, antes do guerra. No meio da cidade, tinha bandeira nazista. Foi a primeira vez que vi, com meus próprios olhos, a suástica".

Spiegelman (o filho) dá um certo ar cinematográfico ao quadro, posicionando-o como um plano subjetivo, tentando situar-nos também dentro do vagão, vendo a bandeira nazista tremulando fora da janela junto com os outros "ratos" judeus. O impacto é grande porque a suástica nazista é um símbolo que se tornou referência da gramática do século 20, e agrega uma torrente de significados para a compreensão do homem contemporâneo. Porém, o espanto que esse requadro carrega é de estranhamento e vaticínio. Vladek jamais vira o símbolo nazista ("como pode?", é a reação precipitada, meio irracional), e ele seria sua ruína, conforme as outras 262 páginas da história nos informarão. (CIM)

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Corto Maltese, amigo dos cangaceiros






















por Ciro I. Marcondes

Nosso país tem a capacidade peculiar de impressionar os estrangeiros, e algumas visões muito famosas foram descritas e registradas por autoridades intelectuais históricas, e outras nem tanto. Basta lembrar que Charles Darwin passou mais de um mês viajando pela costa do Brasil no Beagle, a partir de fevereiro de 1831, e isso foi declaradamente importante para que ele tivesse aquele estalo para pensar a teoria da evolução. Darwin também ficou positivamente chocado com a cultura do escravismo e a relação de passividade que ambos os lados nutriam com este sistema econômico, e ele não seria o último a pensar o Brasil como algo exótico não apenas no que diz respeito à nossa diversidade natural.

O antropólogo Claude Lévi-Strauss (lembrado por ter sido meio que sacaneado por Caetano Veloso), esteve no Brasil quase um século depois (1935-39 - vale ler o romance Nove noites, de Bernardo Carvalho, que menciona o caso), no alto Xingu, e enfatizou que tornou-se cientista de verdade no Brasil. Seu trabalho sobre estudos de parentesco e mitologia a partir de povos indígenas brasileiros ainda é referência mundial em antropologia. De alguma forma ainda meio miraculosa e errática para nós, algumas peculiaridades de nossa cultura continuam fazendo parte do “incognoscível” para os gringos. Lembro do show do REM em 2001 no Rock in Rio, quando o vocalista Michael Stipe disse, com provável sinceridade, que o Rio de Janeiro era a cidade “mais sexy” em que ele já havia estado. Os casos, independente da relevância, são numerosos.

Mas o que me deixa realmente feliz nesse panorama é o fato de um sujeito não-científico, verdadeiramente errante e multicultural – o gênio solto e plural dos quadrinhos Hugo Pratt, precursor de Clint Eastwood e o escambau – tenha não apenas dedicado parte de sua arte para debulhar as particularidades do Brasil, como também tenha efetivamente morado por aqui no início dos anos 60 e – dizem (e porque não alimentar lendas legais?) – teve uma filha índia por aqui. Pratt, bem diferente dos estereótipos de tipos inadequados e esquisitos de quadrinistas, era viajante indevassável, tendo morado em mais de 10 países diferentes, em todos os continentes.


Exemplo da espetacular habilidade de Pratt em narrativa
gráfica. Clique para ampliar
É por isso me cabe uma análise do volume com as histórias de seu alterego Corto Maltese no Brasil, republicadas pela Pixel em 2006 na edição “Sob o signo de Capricórnio”. Pratt não apenas reverte o andamento das publicações anteriores do famoso pirata italiano - trazendo a logística do prequel (estas histórias se passam antes da clássica “Balada do mar salgado”) à HQ moderna – como procura fazer um investimento sincero e dedicado à cultura brasileira (além de outras culturas do “trópico de capricórnio”, como a antilhana e das guianas). Ele não apenas realiza pesquisa acurada sobre a fisionomia e hábitos culturais de nossos povos, como procura fazer um tipo especial de desvelamento artístico dos segredos dos nossos signos, buscando com obsessão a condição de insider. Pratt não procura o olhar naturalista e socialmente horrorizado de Darwin, e nem o objetivo da produção de uma etnologia, caso de Lévi-Strauss. Por mais confusa e culturalmente inexata que seja, a visão do quadrinista veneziano sobre o Brasil é uma das mais apaixonadas e apaixonantes com as quais já tive contato, sendo capaz de entusiasmar mesmo o leitor brasileiro.

"O mundo em que vivemos, felizmente, é limitado"



Para o leitor neófito, vale contextualizar Corto Maltese. Nos anos 50, Pratt passou longo tempo publicando na Argentina, em séries memoráveis (conforme já mencionado em RL) que foram fundamentais para elaborar sua visão humanista, e o personagem Corto surgiu já no fim deste período. Pode-se dizer que, como o célebre Guido de Mastroianni no 8 ½ de Fellini, ou Sal Paradise para Jack Kerouac, Corto representa um autêntico alterego para Hugo Pratt. Filho de uma cigana pintada por Ingres e um marinheiro escuso, o abastardado Corto é uma figura sóbria e evanescente, viajando por américas, antilhas, áfricas e pacíficos ainda capazes de iluminar nosso faro para o lendário e o fascinante, em consonância com a chegada da modernidade e as guerras. São aventuras no último período romântico deste planeta, antes que o essa febre global de consumo e conectividade matasse nossa matriz mítica.   
    
Publicadas entre 1970 e 1973, estas histórias curtas de Corto no Brasil recuam no tempo em relação à Balada do mar salgado, e colocam o marinheiro soturno e mercenário ao lado do jovem herdeiro britânico Tristan Bantam e do intelectual alcoólatra Steiner, em princípio na Guiana Holandesa (hoje Suriname), partindo depois para aventuras que desembocam em Salvador, depois na praia de Itapoã e finalmente no sertão da Bahia, próximo de onde haviam ocorrido as antigas revoltas de Canudos. Vale pensar que Corto Maltese é uma HQ de força gráfica e narrativa, legítima arte de movimento e ação, mas não se esquiva de compor tudo isso com textos numerosos e por vezes prolixos, com rico detalhismo geográfico, cultural e histórico. Pratt era mestre tanto no preto-e-branco (nanquim) quanto com as cores (guache) e seu traço esteve sempre a serviço das expressões profundas ou impactadas de suas enormes e variadas galerias de personagens.

Em Sob o signo de Capricórnio, Tristan Bantam é levado à Bahia já por meio de um encantamento sobrenatural: ninguém menos que o orixá Ogum Ferreiro o convoca  até sua meia-irmã (negra e brasileira) Morgana, iniciada nas práticas do oculto junto a figuras igualmente sedutoras do ponto de vista do misticismo, como a legítima “preta velha” Baianinha e a líder espiritual Boca Dourada. Pratt se atropela um pouco ao fazer de seu Brasil mítico um pardieiro de crenças exóticas, mas que no fundo manifestam charme e até integridade. Sua aproximação do candomblé brasileiro com o vodu antilhano acontece com um recurso da própria narrativa: o povo ancestral e desaparecido de Mû, que une não apenas todos estes traços da colonização americana como inclui todo um contexto da cultura Asteca, jogando também a América do Norte no balaio. No fim das contas, jogos de Tarot, caveiras mexicanas e até “sabedorias” do jogo de pôquer são alinhados para tentar fazer deste conjunto de personagens um vulto respeitoso, sábio, dominador da “magia negra” (quando o termo ainda não era politicamente incorreto e nem denotava conluio com o capeta).

Uma das cenas mais interessantes deste arco de histórias é justamente aquela que enquadra o leitor à visão cética dos personagens – Corto, bem cínico, incluso –, quando Tristan Bantam, hospedado na grande casa de sua irmã Morgana e examinando as anotações de seu pai (pesquisador de Mû) é transportado, tal qual numa viagem de psicotrópicos fortes, a um ambiente metafísico rodeado de totens parecidos com aqueles próximos à cidade Cuzco, no Peru. Lá, ele trava encontros profanos a partir de desdobramentos no espaço-tempo, consigo mesmo e com entidades antigas, de culturas milenares, que unem Mû à Atlântida, ao imaginário Asteca e a outros motivos do incognoscível. A partir do ceticismo pragmático de Corto, Pratt não revela a natureza exata deste conhecimento místico, e as lacunas que são deixadas aos personagens são as mesmas que são deixadas ao leitor, o que, ao menos me parece, é a melhor maneira de explorar essa estranha fronteira no mundo da arte. Vale citar as palavras do Professor Steiner, verdadeiro produto de literatura: “Tristan, o mundo em que vivemos, felizmente, é limitado. Bastam poucos passos para sair do quarto, poucos anos para sair da vida, mas suponhamos que nesse pequeno espaço, de repente obscuro, nós tenhamos nos perdido, ficado cegos... Então, tudo parecerá enorme e nosso quarto, grande, incrivelmente grande, a ponto de parecer impossível...”.


Por fim os aventureiros são levados ao sertão da Bahia, a mando de Boca Dourada - que reune as funções de feiticeira-mor, possível imortal, líder espiritual e política de várias comunidades destes “tristes trópicos” – para encontrar o bando cangaceiro de Tiro Certeiro, herdeiro do líder revolucionário Sebastião, O Redentor, assassinado pelos soldados do Coronel Gonçalves. Este script, tão reconhecidamente brasileiro, surpreende não só pela elegância da apresentação dos fatos, mas também pela caracterização precisa, física e psicológica, do tipo brasileiro e nordestino do início do século XX. Pratt não perde a chance de demonstrar erudição ao fazer citações a Glauber Rocha, à revolta de Canudos e ao bando de Lampião. Mais do que simples menções generalizantes sobre culturas “exóticas”, o que o quadrinista veneziano faz é pensar esses sincretismos todos em prol daquilo que move Corto Maltese em sua característica primordial: a liberdade de ir e vir, a liberdade de se manifestar.

Pratt não faz julgamentos sobre o conteudo original do conhecimento místico dos baianos, e tampouco faz sua leitura do cangaço como um movimento de banditismo. Em sua concepção, estas histórias locais são desdobramentos da liberdade de se pensar e agir humanos, e por isso ele provoca o leitor ao suceder, à morte de Sebastião e depois à de Tiro Certeiro, a nomeação do um menino chamado Corisco como futuro líder da revolta. Tudo isso garante ao galante pirata o epíteto de “amigo dos cangaceiros” nas palavras do pequeno líder. No final da história, ao ser questionado se achava que o menino chegaria a lutar contra os governadores do sul, Corto Maltese responde: “Pode ter certeza. E depois dele haverá outro, e outro ainda, até que eles se libertem e alcancem a justiça... não podem mais voltar atrás!” Como se pode ver, Hugo Pratt parecia saber mais sobre o Brasil do que a maioria dos brasileiros.


Publicado pela primeira vez em EmQuadrinho

Mistérios da Garra


por Pedro Brandt

Em 1937, a série A Garra Cinzenta dividia espaço com as aventuras dos personagens Fantasma e Super-Homem no suplemento infantil Gazetinha, do jornal paulistano A Gazeta. A popularidade da criação do roteirista Francisco Armond e do desenhista Renato Silva era tanta que, em 1939, depois de publicados todos os 100 episódios, a série foi relançada em dois volumes. 

Com o passar dos anos, o culto ao redor de A Garra Cinzenta só aumentou. E também o mistério a respeito da HQ brasileira (considerada a primeira no país e ter elementos de terror). Algumas perguntas permanecem sem resposta. Por que, mesmo popular entre os leitores, a série foi interrompida abruptamente? E, afinal, quem foi Francisco Armond? 

Garra Cinzenta, edição de luxo e fac-similar que a Conrad acaba de colocar nas livrarias, não responde essas perguntas. Mas faz justiça a um título que marcou época, virou xodó de colecionadores e, mesmo tendo sido republicada em mais duas ocasiões (somente a primeira parte, em 1975, e em tiragem limitada e completa, em 1998) e estar disponível para download em vários sites, estava há muito fora de catálogo.

Na nova edição, as 100 páginas da história são antecedidas por um informativo prefácio do pesquisador das histórias em quadrinhos Worney Almeida de Souza. A leitura ajuda a entender o contexto em que A Garra Cinzenta foi publicada (quando São Paulo, ainda uma cidade tranquila, almejava se tornar uma grande metrópole) e suas repercussões. “À época, seu sucesso foi tão grande que ultrapassou as fronteiras do país, e A Garra Cinzenta chegou a ser publicado até na Europa. Na França e na Bélgica, graças à revista Le Moustique, o personagem ficou conhecido como Griffe Grise. E, segundo alguns estudiosos, teria influenciado diretamente diversos personagens de HQs internacionais, como o Blazing Skull (Caveira Flamejante) da Marvel e os italianos Kriminal e Satanik", comenta Worney.

Renato Silva (1904-1981) foi desenhista atuante em diversas áreas, entre elas, os quadrinhos. Um de seus trabalhos mais conhecido são as ilustrações do livro Cazuza, clássico da literatura infanto-juvenil brasileira escrito por Viriato Corrêa. Sobre Francisco Armond, Worney conta que a única certeza é que se tratava de um pseudônimo. A principal “suspeita” é a jornalista carioca Helena Ferraz de Abreu (1906-1979). “Quanto a ela nunca ter assumido tal autoria, a explicação estaria no fato de que havia não só o preconceito contra os quadrinhos, mas também o preconceito maior ainda contra mulheres que escrevessem tal coisa”. O estudioso conclui seu texto com a esperança de que com a publicação do álbum, o mistério chegue finalmente a um desfecho.




Vilão carismático


A Garra Cinzenta é inspirada na literatura pulp e nos filmes noir americanos, bastante populares também no Brasil daquela década. Na trama, os policiais Higgins e Miller investigam uma série de assassinatos praticados por alguém que deixa no local dos crimes um cartão com a estampa de uma garra cinzenta. O facínora, ou “scelerado”, como muitas vezes o Garra Cinzenta é chamado (a edição da Conrad mantém o português da época), se veste com chapéu, capa, blusão com o desenho de ossos cruzados e uma máscara de caveira. Mais do que o visual, são seus planos ardilosos, escapadas inacreditáveis, personalidade manipuladora e ambiciosa (e um tanto cômica) que fisgam o leitor — até porque os heróis da série não passam de arquétipos sem charme. 

A isso se soma uma história ambientada em cemitérios, túneis, casas de ópio, laboratórios, becos e esconderijos. Tiroteios, lutas, mulheres fatais, poção de vida eterna, múmias, monstro mutante e até um robô (ou “autômato”, batizado de Flag) são alguns dos elementos presentes que ajudam a entender o fascínio que A Garra Cinzenta exercia nos leitores de ontem. Os de hoje precisarão de algum desprendimento para se divertir, afinal, trata-se de uma HQ feita há mais de 70 anos — mas que, justamente por todos os seus disparates, acaba ganhando um encanto a mais. Independente disso, a publicação é inestimável justamente por jogar luz em cima de um episódio importante da história das histórias em quadrinhos no Brasil.





GARRA CINZENTA: De Francisco Armond e Renato Silva. 128 páginas. Conrad Editora. R$ 39,90.

Texto publicado originalmente no Correio Braziliense.

OBRIGADO LAERTE!

RAIO LASER escreve dois relatos e faz um singelo vídeo a partir do encontro com um dos grandes da HQ mundial.

fotos e vídeo por Artur Brandt


1: A lucidez de Laerte

por Ciro I. Marcondes

Através de bela iniciativa do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, Laerte esteve na UnB na última quarta-feira, para a II Jornada de Romances Gráficos. Pedro conduziu uma reportagem levando o grande mestre à nova geração de quadrinistas brasilienses, e fiquei bicando a entrevista, ali entre as apresentações do simpósio e a oportunidade de ter contato com um artista de referência para mim e todos ali presentes. Laerte (60 anos) deve ter passado por um dia um pouco pesado. Bateria de entrevistas (Correio, UnB TV, Raio Laser) e por fim uma fala de quase duas horas para um auditório lotado. Talvez isso tenha contribuído para que ele tenha se expressado de um jeito tão comovente, que misturava trajetória pessoal com intensa inflexão sobre si mesmo e sobre o mundo. Mas suspeito que não foi o stress que o fez desaguar conversa tão boa e cativante, mas sim sua inquietação.



Na palestra, Laerte recuperou sua história como artista e ser humano, falou sobre como o tropicalismo nos anos 60, o ideologismo marxista e a inconformidade com a ditadura o despertaram de um sono dogmático, da grande arte e cultura erudita, do qual ele não conseguia se desprender. Sua trajetória como cartunista foi repensada como um certo acomodamento, e ele partiu para questionar o modelo do que estava fazendo, incluindo seu próprio humor, e elaborar um tipo bem mais pessoal e indagatório de HQ a partir de 2005. Laerte, procurando revisitar seu momento de crise e reestruturação, citou famosa entrevista de Chico Buarque, em que o sambista põe em cheque a validade do formato da canção – historicizando seu próprio labor artístico a partir da passagem do tempo, do envelhecimento e das instigações que permanecem na mente, mesmo após reconhecimento, prêmios, canonização. Laerte refletiu sobre como o próprio modelo da tira cômica de jornal não tinha mais estrutura e escopo semântico para poder dizer coisas efetivas à massa da juventude metropolitana do século 21, parecendo perceber momentos em que os canais de comunicabilidade entre gerações, gêneros, classes sociais se fecham; ou se abrem a partir de revalorações espontâneas, imprevisíveis, surpreendentes.

Para minha alegria, pude trocar algumas ideias com Laerte, e ele me pareceu uma pessoa tímida, cuidadosa, constantemente reverberando um processar interno difuso, autoquestionador. Estava caprichosamente enfeitado e maquiado, parecendo curtir a satisfação de trabalhar delicadamente a própria autoimagem, pouco se importando para as mil vezes que ouve “gênio!”, “brilhante!”, “mestre!”, diariamente (além das perguntas sobre cross-dressing). Como os maiores dentre os maiores artistas, ele parece ser rigorosamente autocrítico, e este é apenas um dos desdobramentos de sua lucidez. Mencionar Beethoven e Norman Rockewll é outro sintoma de que seus referenciais não são necessariamente os mesmos dos seus leitores, e isso justifica o movimento de botar na berlinda a própria arte, refutar a zona de conforto da canonização e o de aposentar os personagens clássicos. Sem arrogância, apenas num processo de clareza sobre o dinamismo turvo pelo qual passa a consciência do artista sobre sua própria arte, ele separa cuidadosamente a constante bajulação carinhosa que recebe dos fãs. Lembra (parafraseando) o cineasta Yasujiro Ozu, um dos grandes: “Tudo que eu sei fazer nos filmes é como fazer tofu. Faço sempre igual, sem ambição de fazer mais que tofu”.


Laerte parecia surpreendido com o fato de reconhecer, nessa altura da vida, a suposta falência do modelo de arte com o qual ele vinha trabalhando (a repetição constante de quem trabalha com a tira cômica), e que o passar do tempo leva a novas configurações culturais, que renascem do esgotamento de outras. Daí suas tiras contemporâneas, carregadas de contemplatividade e sketches absurdos e às vezes abstratos, mas líricos, com pitadas de reflexão pontuada sobre as condições flutuantes da cultura de hoje. Para os acadêmicos que estavam por ali, essa visão do pós-moderno é sempre pensada, mas lida de uma maneira fria, um tanto laboratorial e distante. O discurso de Laerte ontem, digressivo e carregado de autoanálise, me pareceu bem mais lúcido e integrado a tudo isso, em sua maneira errante e natural, do que a própria fala científica. Obrigado Laerte, por ensinar aos professores coisas já havíamos talvez racionalizado, mas nunca sentido desta forma.

Alegria! Alegria!

2: Laerte e outras barbaridades

por Pedro Brandt

Mesmo eu adorando as tirinhas e histórias curtas do Laerte, eu estava doido para ouvi-lo dizer que está em plena produção de uma história longa, com duzentas e tantas páginas —  a exemplo de Cachalote, a parceria de seu filho Rafael com o escritor Daniel Galera. Mas, ao contrário, ele disse que anda sem saco para desenhar e que, se possível, preferia escrever textos para outras pessoas ilustrarem.

Debaixo do braço, eu trazia um exemplar de Piratas do Tietê e outras barbaridades (essa que o Ciro segura na foto), para mim, a melhor coletânea já feita com o trabalho dele (ainda que só reuna trabalhos mais antigos, a maioria — ou todos? — dos anos 1980), justificativa ideal para esse meu desejo de algum dia ver mais histórias longas do cartunista.

Sempre achei os desenhos do Laerte um deleite para os olhos, tanto pelo detalhismo dos cenários, figurinos, objetos em cena e expressão dos personagens, quanto pela narrativa bastante vívida, que muitas vezes nos dão a impressão de estar vendo um desenho animado. O humor de suas histórias faz rir e pensar. "A terceira margem" (“Vocês sabem qual é o segredo do morcego?”), "Lingerie", "A insustentável leveza do ser", "A noite dos palhaços mudos", "Fadas e bruxas"… todas elas estão no livro citado no parágrafo anterior e são apenas alguns exemplos do que de melhor Laerte fez em sua produção vastíssima.

Além de ser um artista incrível, Larte também é uma pessoa incrível. Acho que é possível perceber isso pelas entrevistas. Eu já tinha conversado com ele por telefone em algumas ocasiões, mas encontrá-lo pessoalmente era um sonho antigo. E na quarta passada, na UnB, só confirmei minhas impressões. Laerte é atencioso, paciente e divertido. Ainda assim, acho que não fiz a entrevista que queria com ele. Precisaria de uma tarde inteira — não, um dia inteiro pelo menos — para conversar assuntos dos mais diversos. 


Digo sem medo de parecer exagerado (e aproveito já para me desculpar, pois sei que ele é bastante modesto): Laerte é um dos maiores artistas dos quadrinhos em atividade. No Brasil ou em qualquer lugar. Só posso agradecer por ele ser também generoso o suficiente para compartilhar conosco suas ideias, inquietações e impressões do mundo.

Mimetizando o vídeo que postamos de Hergé desenhando Tintin, Artur Brandt também fez sua homanagem a Laerte:



 

LEÃO NEGRO: um realismo de vanguarda






















por Ciro I. Marcondes

Após assistir à primeira temporada da inspirada série Game of thrones, da HBO (baseada nos livros cultuados de George R. R. Martin), um estalo: há uma demanda por mundos de fantasia instilados de realismo, violência e verossimilhança. O caráter implacável e intempestivo – certamente mais cruel do que as coisas a que nos acostumamos no imaginário do gênero, tipo Senhor dos anéis ou Caverna do dragão – desta série trouxe um fôlego novo e inesperado para o crescimento do gênero, e os mundos de fantasia se desdobraram para possibilidades obscuras e degeneradas, reflexo estranho de nossas possibilidades, na mesma toada que a ficção científica se aprimorou especialmente a partir da ficção dos anos 70, de Gibson a Dan Simmons.
Nos quadrinhos, este entendimento também se antecipou ao cinema (no caso, TV), especialmente desde a francesa Metal Hurlant. Nomes como Moebius, Hermann, Godard e Ribera já haviam percebido o quão perturbador, antípoda e contracultural poderia ser um mundo de fantasia. Eu particularmente considero mesmo o Príncipe Valente, obra máxima de Hal Foster, como algo de suprema maturidade, não só gráfica e narrativa, mas também na escritura do seu humanismo. Essa linhagem chega a coisas que beiram o surrealismo. Basta lembrar de Miiazaki ou dos irmãos Hernandez. Logicamente, por mais infantil que seja, o Conan de Roy Thomas também deu valiosa contribuição. Porém, o que a maioria das pessoas não se lembra é que uma HQ nacional se antecipou em décadas a esta compreensão de que a fantasia medieval poderia ser um triturador de tabus, um processador do nosso mundo social.

Para adultos

Conheci as histórias do Leão Negro por puro acaso. Nunca ouvira falar, ainda que a série clássica date dos anos 80. Com a recente republicação do material antigo, e a retomada da série em 2010 (pela HQM Editora), os belos álbuns foram parar em algumas bancas mais dedicadas, e consumi estes quadrinhos à moda antiga: folheei, procurei sacar qual era o conceito, e fui convencido pela curiosidade. Na contracapa da edição que comprei (“Histórias de família”), alguns chamarizes que me atraíram: "Duas aventuras com Humor * Violência * Erotismo". Mais embaixo: "PARA ADULTOS". As ilustrações (de Danusko Campos), com acabamento refinado e interessante sombramento, lembram misto não-usual de HQ americana (anabolizada) e europeia (detalhista). Foi o suficiente.

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Leão Negro se passa em um planeta sem nome, com geografia e topografia próprias, onde “diversas culturas de felinoides, canídeos e hienas”, com tecnologia medieval e convívio com seres fantásticos (como dragões), precisam medir forças – militares e políticas – em um trânsito sem fim de guerra e brutalidade. Acho de interesse particular que uma série tão focada em uma cultura de violência e machismo (autoconsciente, claro) tenha sido elaborada pela mente de uma mulher, Cynthia Carvalho, roteirista de excepcional perspectiva detalhista, mestre em ambiguidades e em desarranjar maniqueísmos.

Após ler o volume “Histórias de família” (da nova série) e ter ficado impressionado com a maturidade na elaboração dos personagens e das tramas, além da não-gratuidade dos tais “humor, violência e erotismo” que encontrei por ali, tive por sorte contato também com um álbum da série clássica, esta desenhada por Ofeliano de Almeida, não através da republicação, mas sim porque ela apareceu na tradicional revista portuguesa “Selecções BD”, da qual comprei (também por sorte) dezenas de volumes de uma vez, num sebo. Nestas revistas pude ler o ciclo “O filhote”, que acabou servindo para criar um elo importante entre os personagens das duas séries, tornando tudo mais fascinante e de longa prospecção narrativa.

Polígamos, incestuosos, escravistas, lascivos, infanticidas

Mesmo sem ler a série completa, é possível perceber a beleza toda desta injustiçada HQ nacional. As histórias clássicas se focam no “leão negro” em si, um macho dominador e violento chamado Othan. Através de um mundo flagrantemente hostil (que não fica assim tão atrás de Game of thrones em relação à problematização da própria violência medieval), estes felinos antropomórficos (que não perdem os trejeitos dos animais que os inspiram: leão, gato, lince, tigre, hiena, etc.) precisam justificar ou exorcizar seus próprios demônios internos, e, em meio a soldados, mercenários, prostitutas e loucos, as relações entre eles não poupam resoluções sórdidas, injustas ou imorais. Vale ressaltar a bravura de Cynthia Carvalho em fazer de seu protagonista um legítimo anti-herói. A despeito da simpatia que exerce no leitor, Othan é um macho infiel e selvagemente egoísta. Abandona seus inúmeros filhotes bastardos sem piedade, e com frequencia assassina suas próprias amantes. Herdeiro falido de uma dinastia que anuncia seu próprio fim, ele divide um velho castelo com seu irmão mais velho (Isauh) e sua jovem criada e pretendida (Hera), e um antagonismo de gênios opõe os dois. 

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O arco de “O filhote” se concentra especialmente no abandono de um destes bastardos, o pequeno Kasdhan, filho de leoa militar, Tchí, que acaba se transfigurando numa épica força feminina na saga do Leão Negro. Divida entre a devoção por Othan e uma paixão descontrolada pelo próprio filhote, ela acaba encontrando morte trágica, sendo a única fêmea a convencer o orgulhoso guerreiro a levar um filho para casa. Cynthia cria tensão ambígua e verdadeira entre os conceitos de masculino/feminino em toda a série. Os leões são polígamos, incestuosos, escravistas e radicalmente lascivos, mas ao mesmo tempo a submissão feminina é colocada como um estado mais complexo do que devia parecer, com grande poder de ruptura e penetração na brutal escala dos machos. Neste sentido, a autora procura olhar a cultura do mundo que criou como insider, com poder de relativização, sem tomar partidos, tornando excitantes, na série, tanto o ethos feminino quanto o masculino.

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Enquanto as histórias do arco clássico são mais dinâmicas e aventurescas, alinhadas à perspectiva mais juvenil que esse gênero tinha na época (elas foram publicadas no jornal O Globo entre 87 e 88, e coloridas pela própria Cynthia), as da série de 2010 provocam interessante reviravolta no conceito geral. Em primeiro lugar, há um salto no tempo: Othan e Isauh são leões velhos e amargos, e o filhote Khasdan, um guerreiro de lascívia insaciável, mas mais justo que o pai, é o chefe da família. Ao invés de um castelo sombrio e leões misantropos, temos um lugar povoado por inúmeros bastardos de Khasdan, suas duas esposas gêmeas (filhas de Isauh e Hera), escravos e outros, além dos personagens originais. As relações de família, dentro do contexto bárbaro da cultura dos leões, se torna uma tônica importante da série, que cresce não apenas ao amplificar o potencial psicológico dos personagens, mas também na violência moral e no erotismo.


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As duas histórias curtas, mas bastante primorosas, de “Histórias de família”, servem para trazer à tona a excelência da série nova. Na primeira delas, um pequeno leão negro, filho de um estupro cometido por Othan e rejeitado cruelmente pela mãe, torna-se um militar psicopático e calculista, e visita o castelo para acertar as contas com o velho pai. Não se espante se perceber que temas como estupro e infanticídio são tratados com naturalidade pelos personagens e verossimilhança pela autora, que incendeia os atos deles com pesada contextualização. Os quadrinhos da nova série são mais literários, com mais ajuda dos letreiros, mas, ao mesmo tempo, uma arte mais madura e sensual carrega todas estas atrocidades com humanismo e beleza. Na segunda história, uma das esposas de Khasdan, a delicada Helena, acaba descobrindo sentimentos desavisados quando passa a se aproximar demais de um escravo afeminado e eunuco, apreciador das artes e dos livros. Aqui, Cynthia posiciona seus leitores contra seus protagonistas, que são brutais e insensíveis às necessidades femininas de Helena, que convalesce em legítimo dilema.

Certamente o que encanta em Leão Negro é o fator niilista do antiheroísmo dos “heróis” da saga, criados em uma época em que isso não era moda e nem enfadonho como hoje em dia se tornou. Como podemos verificar em nosso íntimo e nas pessoas à nossa volta, esses leões muito humanos têm razão de serem detestáveis quando o são, e têm razão de serem amáveis quando assim os identificamos, fazendo do Brasil um tipo obscuro de vanguarda quando pensamos em trazer para mais perto de nós estes mundos distantes, criados pela fantasia e infantilizados pela cultura pop. 

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Raridades de um artista raro






















por Pedro Brandt

O trabalho de Watson Portela sempre exerceu um grande fascínio sobre mim. Primeiramente, pelo aspecto mais imediato dos quadrinhos: o visual. Watson é dono de um traço rico em detalhes. Suas páginas exploram diferentes ângulos e diagramações, o que torna a narrativa gráfica mais atraente. A capacidade do desenhista pernambucano de aglutinar influências é notável. Mangá, comics, BD… nada escapa de sua lente. E o mais legal é que, no final das contas, a personalidade do artista acaba se impondo sobre as referências absorvidas. Quanto aos roteiros, Watson já fez de tudo, quadrinhos eróticos, western, ficção-científica, infantil, humor... A abordagem em suas histórias vai do nonsense ao filosófico, geralmente expressando sua visão do mundo. Um certo mistério envolve suas HQs, talvez por isso elas encantem tantos leitores.

Tenho muitas revistas dele em casa. Um pedaço da minha coleção da qual me orgulho. Mas me surpreendi dia desses, quando entrou no ar o site oficial de Watson Portela. Mais do que juntar ali o que já se encontra solto pela internet, o espaço tem como proposta apresentar desenhos raros, muitos nunca publicados. Um prato cheio para os fãs do cara, que é um dos grandes desenhistas de quadrinhos brasileiro. Ídolo nos anos 1980, ele ficou anos meio sumido, mas vem planejando sua volta: é um dos participante do volume três de MSP 50 (projeto tributo aos personagens de Mauricio de Sousa, que será lançado em setembro) e trabalha também em uma graphic novel do personagem Cabeça Oca.

A imagem que ilustra esse post é um das minhas favoritas, uma pin up com vários dos personagens criados por ele. Quem quiser conhecer melhor a produção de Watson Portela, recomendo uma visita ao site Quadrinhos Brazukas, que disponibiliza para download várias HQs do autor. A série Paralelas é uma das melhores portas de entrada para o universo watsonporteliano.