A pia suja de Patrice Killoffer

Por Pedro Brandt

Patrice Killoffer não tem a consciência tranquila. Quando deixou Paris para viver em Montreal, a pia de seu apartamento ficou lotada de louça para lavar. “Em minha desculpa, posso dizer que se tratava de uma quantidade abissal, louça de um jeito que pede imersão total, trabalho de especialista, totalmente longe do meu alcance; eu não passo de um ocioso de baixo nível”, justifica. A sujeira era tanta que criou vida e o atacou. O resultado foi assombroso. Tais quais monstrinhos gremlins, o francês — autor e protagonista de sua história em quadrinhos — se multiplicou. Ao longo das páginas, o leitor entenderá o porquê do título 676 aparições de Killoffer.

Envolvido diretamente com o novo quadrinho francês, Killoffer era um autor pouco conhecido no Brasil quando foi convidado para participar da primeira edição da Rio Comicom (encontro internacional realizado em novembro com fãs e profissionais da área). Em seu país, o quadrinhista foi um dos fundadores da L’Association, editora responsável por títulos como Persépolis, de Marjane Satrapi, e Epilético, de David B., trabalhos bem-sucedidos e que injetaram novo ânimo no quadrinho francês. O convite para o evento brasileiro rendeu a publicação nacional de duas de suas obras: Quando tem que ser, pela editora Marca de Fantasia, e 676 aparições, pela Leya.

Persépolis e Epilético são obras biográficas nas quais os autores contam dramas da infância e da adolescência. 676 aparições (publicada originalmente em 2002) pode ou não ser considerada uma obra biográfica. Isso fica para o leitor decidir. Se, por um lado, o protagonista é o próprio Killoffer e parte do que é narrado realmente aconteceu com ele (o desenhista recebeu uma bolsa para viver um tempo em Montreal e escrever um livro sobre a experiência), por outro, não fica muito claro o que são episódios da vida do francês e o que são delírios. Os acontecimentos se confundem.

Mente febril

E no fim das contas, tanto faz o que é inspirado na realidade e o que é fruto da imaginação de Killoffer. O autor oferece ao leitor uma viagem às entranhas de uma mente febril, inquieta, incomodada. Quando o personagem adentra o apartamento, ele entra em sua cabeça, seu inconsciente. A sujeira na pia funciona como uma analogia para o que ele deixou para trás quando embarcou para o Canadá: o cotidiano, as paranoias e os problemas.

Com detalhados e personalíssimos desenhos em preto e branco, o artista explora o formato das páginas (de 25cm de largura por 37cm de comprimento) criando painéis inteiros, nos quais o olhar serpenteia pelas imagens. Quebrando a convenção de narrar em quadros, ele apresenta imagens simultâneas e passeios por diferentes ângulos ao mesmo tempo.

Essa construção permite múltiplas interpretações: seriam acontecimentos passados em momentos diferentes, mas no mesmo cenário? Seria a personalidade fragmentada de Killoffer a causadora de conflitos entre o id, o ego e o superego?

Uma coisa é certa: 676 aparições de Killoffer é uma HQ impressionante, de fôlego, visual e psicologicamente instigante. De longe, um dos melhores quadrinhos disponíveis nas livrarias.

Publicado originalmente no Correio Braziliense de 13/12/2011

Love and Rockets

por Ciro Inácio Marcondes

Perambulando por sebos da cidade deparei-me com um volume lacrado da primeira edição da revista “Love and Rockets”, lançada pela Record em 1991 com promessa de grande longevidade editorial, mas que acabou não tão bem-sucedida assim. Diz a capa: “edição de colecionador”, apresentando as 68 páginas que reunem trabalhos selecionados de várias fases da arte dos irmãos Hernandez, e não apenas na série do título. Eles tinham razão, e, mergulhando em histórias de contagiante frescor e ousadia, é possível entender o entusiasmo do lançamento e descobrir porque a simpática introdução de Octacílio D’Assunção diz que “seguramente, a coisa mais genial produzida nessa década [anos 80] veio de dois irmãos californianos, os chicanos Hernandez – Jaime e Gilbert, com seu Love and Rockets”. 

Love and Rockets tornou-se sucesso editorial internacional e, por sorte, temos alguns volumes encadernados de coisas dos Hernandez publicados por aqui. Estes quadrinhos, lançados primeiro no iniciozinho dos anos 80 (época em que, podemos dizer, inaugura-se mesmo o nosso modo contemporâneo colecionista e aficcionado de se viver), apareceram primeiro do jeito que se apareciam quadrinhos independentes até pouco tempo atrás: xerocados, em edições mimeografadas, distribuídas nas ruas e em lojas de quadrinhos. Até que as histórias despertaram interesse do tradicional Comics Journal e ganharam edições cada vez mais requintadas da maravilhosa Fantagraphics

Os quadrinhos de Jaime Hernandez (Locas) são mais conhecidos, e ganharam culto crescente com histórias descoladas sci-fi pulp misturadas a jovem idade adulta de um incrível grupo de garotas de visual 80’s chic e cyberpunk. Permanece arrojado e de tirar o fôlego até hoje e nota-se sua influência em desde Estranhos no paraíso a Madman. Porém, interessa falar sobre a clássica “Heartbreak soup”, história do irmão Gilbert Hernandez que também sustentou sua própria série, sobre a pequena cidade de Palomar, na América Central, de imaginário rural e latinoamericano, um dos feitos mais maduros e consistentes das HQs indie

Encaremos os fatos para entender o desafio que é sacar a qualidade singular da série Palomar: Heartbreak soup é uma HQ de matriz naturalista, fortemente eisneriana, que tem o mérito de nos introduzir, em coisa de 30 páginas, a uma galeria enorme de situações e personagens inteligentemente delineados, em tramas que misturam bom humor, melancolia e pesada densidade emocional. Estas figuras, que para um adolescente urbano do séc. 21 podem parecer exóticas e longínquas, são na verdade ainda bastante comuns dentro de um imaginário aloprado e despudorado das cidades pequenas da América Latina (Brasil incluso). A própria apresentação do imaginário da cidade é feita através de um dispositivo engenhoso: o prólogo é a história da parteira da cidade, já por si só brutal em sua esterelidade, que, em grandes painéis com letreiros de qualidade literária, apresentam o parto e a história incomum de mais de uma dezena de figuras ordinárias, mas individuais: um menino que nasceu por insistência da parteira, ainda que deformado; o partos simultâneos, mas diferentes, daqueles que se tornarão melhores amigos e protagonistas da história, disputando a mesma garota que, por sua vez, tem também um nascimento marcado pela brutalidade.

Na trama principal, estas linhas gerais se estendem: perversas ou patéticas histórias de amor, estranhas situações de humilhação, lascívia, poesia, morte. Sem o rebuscamento formal e a pegada metalinguística, Heartbreak Soup - com seu equilíbrio de alternâncias entre histórias e a capacidade dramática de incluir tudo dentro de uma força comum (a cidade como personagem) - funciona como se Will Eisner voltasse seu olhar para um vilarejo pobre das bandas de baixo dos Estados Unidos, com a diferença que, ao contrário do mestre novaiorquino, a história de Gilbert Hernandez não é edificante nem moralizante. 

O mais admirável desta série é que ela foi desenvolvida a partir do imaginário íntimo e familiar de jovens americanos que, crescidos nos anos 70, ao mesmo tempo eram capazes de criar histórias non-sense e de intenso erotismo em bizarros universos sci-fi (Music for monsters) sem perder os ingredientes fundamentais para HQs fluidas e revigorantes: senso de humor, aventuras mescladas a conflitos de ordem pessoal, jovialidade e uma dose de sacanagem. Em Palomar essa pegada pop se une a uma extensa tradição da literatura latianoamericana, do mexicano Juan Rulfo, ao colombiano García Márquez, ao peruano Varga Llosa, ao argentino Jorge Luís Borges, ao brasileiro Guimarães Rosa, etc, etc. Uma das virtudes da arte latinoamericana, reafirmadas sempre em estudos de literatura e afins ao redor do mundo, é a capacidade de transportar seu saber local, suas contingências específicas e internas, para uma posição de cultura capaz de problematizar as outras. Tendo nascido já num contexto de miscigenação e antropofagia (portanto moderna), nossa cultura tem o frescor e a inovação como elementos originários, e é possível que os quadrinistas daqui precisem levantar isso novamente.

O que a série de Palomar, que dista dos já longíquos anos 80, tem a nos avisar é que, a cada momento em que as juventudes culturais se enraízam somente em um urbanidade crescida em meio a objetos culturais globalizantes (um mesmo leque de filmes, livros, desenhos, HQs e videogames), as grandes histórias possíveis, aquelas capazes de inserir informações novas e reprocessadas a esses ambientes culturais, vão sendo deixadas para trás, até que sobrem somente versões locais dos mesmos tópicos e histórias escritas ao redor do mundo. Para o quadrinista brasileiro, fica aquela dica: esqueça teus relacionamentos amorosos, teu niilismo séc. XXI, tuas referências de filmes e literatura beat, teus discos dos Beatles e do David Bowie, e procura ouvir umas histórias da tua avó, visite uma cidade do interior, leia um livro de Guimarães Rosa, outro de José J. Veiga, outro de Mário Palmério, e ouça um disco de Pena Branca e Xavatinho.


O que é RAIO LASER?

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O QUE É RAIO LASER?

A Raio Laser é um blog, com ares de revista eletrônica, que tem como princípio pensar as histórias em quadrinhos para além de um saudosismo quarentão, para além de um cultismo tosco e “nerd”, para além do seu jabazinho youtubeiro, para além de um cânone saturado, imbecilizante. Além, meu amigo. Acima de tudo, somos um site de textos, que valoriza a preciosidade de uma ideia bem articulada, não se privando de pensar os quadrinhos como uma forma de comunicação engajada na sociedade, nos outros meios, na história. Quadrinhos como cultura.

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Escrevemos, sim, crítica, mas à moda antiga: com a intenção de que ela reverbere a criação coletiva de um imaginário para as HQs, de que um texto seja uma extensão necessária de outro, de maneira que a riqueza do diálogo entre autores e críticos provoque um crescimento da mídia. Nossos colaboradores são rigorosamente selecionados não apenas por terem domínio de causa, mas também por se proporem a fazer do exercício da crítica uma produção que vá além do comentário leigo, impressionista, que se tornou o resenhismo na internet atual. Uma produção que vá além. Além.

Cartaz de evento vinil + quadrinhos com participação da Raio Laser (2017)

Cartaz de evento vinil + quadrinhos com participação da Raio Laser (2017)

HISTÓRICO DA RAIO LASER

A Raio Laser publicou seu primeiro post, um pequeno comentário do editor Ciro I. Marcondes sobre o clássico Palomar, de Gilbert Hernandez, em abril de 2011. Naquela época, a crítica de quadrinhos brasileira na internet (e, vale dizer, em qualquer lugar) era extremamente rara. A cultura de HQs, por mais que escondesse um universo vasto, rico e complexo, se confundia ainda com “cultismo”: coleções de formatinhos, jogar adedonha com nomes de super-heróis, jovens babando com gibis do Manara, etc.

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É verdade que podemos mencionar iniciativas como o Universo HQ, Guia dos Quadrinhos e alguns outros, que quantificaram e organizaram a produção e publicação de quadrinhos por aqui - além de pioneiros acadêmicos como Álvaro de Moya, Moacy Cirne e Antonio Luiz Cagnin. A ideia da Raio nasceu desta carência: se o cinema possuía lá seus (não tantos) bunkers (ainda que polêmicos) de produção de inteligência no contexto brasileiro (Contracampo, Cinética, Críticos), por que isso não poderia recair também sobre a (cada vez mais reconhecida como) arte dos quadrinhos?

Uma amostra do Alucináticos, infelizmente recuperada pelo Wayback Machine sem sua totalidade.

Uma amostra do Alucináticos, infelizmente recuperada pelo Wayback Machine sem sua totalidade.

O sentido era produzir sim uns textos bem cabeçudos (o perfil inicial do site tinha pegada acadêmica), mas com uma raiz punk, por assim dizer. Poucos sabem, mas a Raio nasceu dos escombros de um outro site, o “Alucináticos - rock sem um puto de decência”, uma pérola da web 1.0 que cobria rock and roll e cinema, entre 2003 e 2006. A vida útil deste “portal” foi pequena, mas, na época, produziu eletrizante sinergia com a cultura roqueira de Brasília, cobrindo shows underground, soltando críticas dilacerantes e produzindo eventos. Ciro Inácio Marcondes e Pedro Brandt, os editores da Raio, vieram do Alucináticos e, querendo afiar a lâmina crítica em outras praias, criaram o blog em 2011, buscando letalidade para o xôxo mundo da recepção de quadrinhos até então. Pode-se dizer que o ímpeto anárquico da Raio foi inspirado na crítica musical, a partir da opinião de jornalistas lendários como Lester Bangs, Greil Marcus e Stephen Thomas Erlewine, além de revistas que fizeram história (Bizz, Mojo, Magnet). No cinema, André Bazin, Pauline Kael, Roger Ebert, Serge Daney, José Lino Grünewald. Muita coisa, enfim.

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É claro que alguns sites gringos (The Comics Journal, The Beat Comics Culture, Read About Comics) serviram de inspiração para o padrão de textos longos, que valorizam a análise crítica/histórica/comunicacional, mas a Raio sempre buscou uma identidade singular, que trouxesse a marca da transversalidade dentro da multiculturalidade dos quadrinhos. Textos que valorizem a estilística, os recursos de outras mídias, a experiência pessoal. Textos que querem ser textos, para leitores que querem ler textos, com todo o ritual que isso exige.

Em princípio, privilegiamos a diversidade geográfica, temporal e de gênero. Era importante falar de Hugo Pratt, como o era de Koike e Kojima, de Schulz, Laerte, Spiegelman. Era importante falar do Superman da era de ouro, assim como o era falar dos quadrinhos de Cynthia Carvalho, a genial e ainda não reconhecida roteirista de Leão Negro. Além disso, cabia observar o início do fértil ciclo atual do quadrinho brasileiro, fazendo observações minuciosas de obras de Rafael Coutinho, Bá e Moon, Lelis, etc., que se tornariam obras de referência. A Raio foi adotando uma postura consciente e intencional de slow publishing, privilegiando sempre a qualidade sobre a quantidade, e confiante num grupo pequeno, mas seleto de leitores.

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Durante os anos seguintes, Ciro ia cobrindo os aspectos mais críticos/teóricos, enquanto Pedro ficava com a tarefa jornalística. Ensaios, crônicas, nostalgia, exposições, entrevistas: tivemos de tudo no ano 2. Aos poucos, a Raio foi agregando colaboradoras e colaboradores externos. Dezenas de pessoas escreveram para o site durante estes anos todos, e colunas, hoje clássicas, se fixaram: “Rapidinhas” e “HQ em um quadro”.

A partir de 2017, a Raio ganha novo impulso com a consolidação de mais três colaboradores fixos que, pode-se dizer, revolucionaram o perfil do site. Marcos Maciel de Almeida, ex-lojista de quadrinhos e aficionado, com análises pessoais e grandes tiradas; o polivalente cineasta/quadrinista/músico Márcio Jr., com texto afiadíssimo; e o onipresente (figura lendária de Brasília) Lima Neto, de perfil intelectual e conhecimento enciclopédico. Tudo isso sempre à sombra da grande Pollyanna Carvalho, nossa brilhante webmaster, responsável por tudo que há de visual e tecnológico no site.

Entre 2017-2019, portanto, a Raio ganha maior diversidade de abordagens, e entra mais propriamente no circuito de cobertura dos lançamentos de quadrinhos (nacionais e estrangeiros), fazendo reverberar suas bem particulares listas de fim de ano, publicando dossiês e resenhas especialmente incisivas (elogiosas ou não), procurando rastrear a produção contemporânea de quadrinhos e fazendo leituras numa conjuntura cultural.

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Mesmo com a sutil mudança de perfil ao longo dos anos, alguns axiomas da Raio permanecem - como não deveria deixar de ser - imutáveis: a pauta é livre, não há obrigatoriedade de cobrir o que recebemos, e qualquer tipo de abordagem (da mais pessoal à mais técnica), é bem-vinda; o texto é valorizado, então a estilística, a capacidade de leitura e o background cultural dos colaboradores são importantes; e a avaliação crítica (quando houver, se isso se aplicar ao texto) não deve levar em consideração nada além dos próprios critérios bem pensados pelo resenhista. Sem estrelinhas. Pensar a crítica por meio da biografia do autor, do mercado ou através de uma estética da recepção, tudo é válido, mas não aceitamos nenhum tipo de jabá.

Em 2019, a Raio Laser sofreu nova reformulação, mudou seu template para o Squarespace, tornou-se mais funcional e responsivo, e algumas ações foram feitas para antecipar a ansiada comemoração de 10 anos completados com muita força de vontade e persistência. Os membros do site, além de terem contribuído, nesse ano, com postagens mais coletivas, muitas de viés político, além de terem uma atuação maior em redes sociais (fundamos nosso Instagram), participaram de publicações, escreveram prefácios de livros e ampliaram sua contrapartida no mercado editorial como um todo.

2020, por fim, marca o primeiro ano da pandemia, e muita coisa foi transformada na Raio, que, diante da tragédia mundial, ganhou injeção de ânimo e colaboração para fazer e transformar coisas, tanto com questões internas quanto na hora de criar conteúdo de qualidade sobre quadrinhos. O podcast, ambicionado há anos pela equipe, finalmente saiu do papel, e soltou 15 programas no ano. O LASERCAST mantém os princípios e convenções da Raio enquanto blog, e em cada programa são discutidos temas que podem ser bem gerais (quadrinhos eróticos, quadrinhos e cinema, quadrinhos e política, etc.) ou específicos (Flavio Colin, Conan, Asterix). O staff varia de acordo com a disponibilidade, com ou sem convidados, mas a ideia de ser um ambiente provocador, com aprofundamento, dinâmica sagaz e bom humor, continua. São discussões longas, que não raro ultrapassam duas horas de duração, para quem anseia por um mergulho profundo mesmo.

Além disso, em 2020 a Raio agregou ao staff fixo mais dois escribas: o famoso designer e professor Bruno Porto, com larga experiência no estudo de quadrinhos, biblioteca ambulante, com seus certeiros pitacos no Lasercast e textos com incrível precisão de pesquisa; e depois a jornalista e tradutora Dandara Palankof, notória em vários cantos da quadrinhosfera, que também calibrou os acalentados debates no Lasercast.

Para 2021, ano em que a Raio completa um decênio, muita coisa está sendo desenvolvida, o que inclui mais e melhores artigos, a continuidade do Lasercast, a publicação do livro ZIP - QUADRINHOS E CULTURA POP, do editor Ciro I. Marcondes, outras publicações do selo MMarte, de Márcio Jr., além de vários eventos para a comemoração da data: vídeos, camisetas, revista, etc. Quadrinhos além!

PS 1: em 2012, quando o site completou 1 ano de existência, realizamos uma festa - jamais repetida - de comemoração junto com a (hoje finada) empresa de ilustração Ilustrativa, que completava 10 anos, no (hoje também finado) “club” do Cult 22, em Brasília. Vendemos o total de 1 (uma) camiseta neste evento, algo de que nos orgulhamos muito!

A altamente esquecível festa de 1 ano da Raio Laser.

A altamente esquecível festa de 1 ano da Raio Laser.

PS 2: em 2015, a equipe (na época Pedro, Ciro e Lima) se juntou para gravar um piloto para o nunca lançado “Lasercast”, o podcast da Raio, que misturaria cultura musical relacionada a quadrinhos (buscando as raízes do Alucináticos) a comentários sobre gibis. O piloto ficou irado, mas, por razões desconhecidas até pelos deuses, nunca foi ao ar. Como se pode ver, o sonho foi realizado em 2020.

PS 3: A Raio possuía dois spin-offs, ou seja, colunas derivadas em outros sites, escritas pelo nosso staff. A primeira delas é a “ZIP - quadrinhos e cultura pop”, que Ciro Inácio Marcondes publicou todas as quintas no Portal Metrópoles, entre 2017 e 2019. O livro com os melhores textos, pela editora do Metrópoles, vai sair em 2021. A outra é a “Guerrilha Pop”, de Márcio Júnior, sobre resistência no pop e congêneres, que era publicada todos os sábados no site do jornal “A Redação”, de Goiânia, 2018 e 2020.

PS 4: Ciro e Pedro oferecem, com alguma regularidade (em Brasília), o curso em seis aulas “História das Histórias em Quadrinhos”, que tem um compromisso com a missão “além” da Raio e cobre as principais escolas de HQs mundiais.

Cartaz do primeiro curso “História dos Quadrinhos: Trajetória de uma Arte Sequencial”, ministrado pelos editores da Raio Laser

Cartaz do primeiro curso “História dos Quadrinhos: Trajetória de uma Arte Sequencial”, ministrado pelos editores da Raio Laser

Uma aula de quadrinhos!

Uma aula de quadrinhos!

MISSÕES DA RAIO LASER

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CULTO aos quadrinhos: a leitura dos quadrinhos enquanto fã, colecionador, entusiasta. É comum que, na internet, este seja um dos únicos enfoques ressaltados na escrita sobre as HQs, já que, investindo sua inteligência e vitalidade em uma arte historicamente marginalizada, o leitor precisa refugiar-se em pequenos guetos e microculturas para poder encontrar ressonância em seu objeto de entusiasmo. Na década de 2010, esses guetos se projetaram para as massas, e o culto se tornou asséptico e generalizado, o que implica ainda mais na necessidade de formação de leitores de quadrinhos “além”. Respeitar, ampliar e transitar entre estas diferentes culturas faz parte do projeto RAIO LASER.

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HISTÓRIA dos quadrinhos: o resgate da vastíssima história mundial desta forma de arte é ainda um trabalho que vem sendo feito de maneira isolada e inconstante pela internet. Mesmo assim, na medida em que trabalhos acadêmicos e jornalísticos procuram sistematizar linhagens diversas de produção em HQ, produções perdidas no tempo e na geografia do mundo vêm à tona para mostrar que as interinfluências em HQ são muito mais imprecisas, indiretas e fortuitas do que se pensa, tornando cada descoberta imprevisível e admirável. O mundo da arqueologia em HQ é um mundo de constante descoberta de obras-primas isoladas e perdidas.

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CRÍTICA e TEORIA dos quadrinhos: a resenha crítica, o comentário teórico, a apreciação impressionista ou pessoal, as abordagens inesperadas, as relações com outras formas de expressão, tudo cabe à reflexão provocada pela leitura de obras em quadrinhos, e essas reverberações são uma constante nas publicações do site. HQs de todos os tempos, todos os lugares, todos os gêneros, com o bom gosto sendo o único critério.

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COBERTURA JORNALÍSTICA dos quadrinhos: o ato de acompanhar os lançamentos, a pesquisa em publicações antigas, a entrevista, a busca por personagens que construíram a história ainda em construção desta forma de arte, tudo isso e mais compete ao trabalho jornalístico proposto pelo site.


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SOCIALIZAÇÃO a partir dos quadrinhos: enquanto objeto de interesse crescente de diversos grupos espalhados pela internet e outros meios, RAIO LASER também se propõe a ser um espaço de discussão, problematização, socialização e troca de informações sobre HQ. Assim, a interação via internet e redes sociais, com o propósito de agregar e produzir sinergias com nossa política de abordagem, é algo que vem sendo trabalhado nestes anos todos, com o site aberto a contribuições e todo tipo de troca.

POR QUE OS QUADRINHOS?

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1 - Quadrinhos não são uma forma de arte nova, apesar de sua forma moderna ter surgido junto ao cinema no final do século 19. Quadrinhos estavam presentes na linguagem de povos paleolíticos, astecas, egípcios, e muitos outros. Quadrinhos são uma forma arcaica de comunicação, e nunca deixarão de existir, mesmo que seu nome ou atribuições sociais mudem.

2 - Quadrinhos fazem parte de um circuito transmídia comunicacional poderoso, que faz circular bilhões de dólares no mundo inteiro, sendo um participante ativo do jogo global que envolve a economia da cultura. Sua influência não pode ser desprezada como algo que modifica tudo o que vivemos e fazemos.

3 - Os quadrinhos foram renegados por regimes políticos, estéticos e morais durante o século 20. Sua periculosidade (enquanto discurso, enquanto comunicação e enquanto arte) foi logo detectada nas primeiras décadas de existência, e seu conteúdo foi controlado - com medo de uma possível interferência na mentalidade juvenil - durante quase todo o século passado. Os quadrinhos merecem e precisam da renaissance pela qual vêm passando nas últimas décadas.

4 - Mesmo que nem todos saibam disso, a cultura de quadrinhos é tão vasta e rica quanto a da literatura, do cinema ou da música no século 20, porém o alcance desta diversidade é menor, graças à sua guetização e estigmatização. Abrir o mundo das HQs a todos é abrir uma dimensão inteira, uma mídia na qual se pode mergulhar a vida toda. É abrir uma nova lente de leitura do mundo.

5 - Por que os quadrinhos? Porque, em sua natureza ainda primitiva e essencial, são a arte mais importante para este século 21.

Equipe Raio Laser (quase) completa! Da esquerda para a direta: Márcio Jr., Lima Neto, Pedro Brandt, Ciro I. Marcondes e Marcos Maciel de Almeida. Foto por Thaís Mallon.

Equipe Raio Laser (quase) completa! Da esquerda para a direta: Márcio Jr., Lima Neto, Pedro Brandt, Ciro I. Marcondes e Marcos Maciel de Almeida. Foto por Thaís Mallon.

Quem Somos

OS ESCRIBAS

CIRO INÁCIO MARCONDES

escreveu e desenhou mais de 100 gibis entre 1989 e 1996, os “famosos” quadrinhos Bilak. Até 2001 escreveu mais de 30 contos e dois romances. E até 2012, mais de 300 poemas. Nunca nada deste material foi publicado. Um crítico é sempre um artista frustrado? Para tentar provar esta máxima, é também professor universitário nas áreas de Cinema, Literatura, Comunicação e Histórias em Quadrinhos, e passou por faculdades na UnB, IESB, Icesp e UniProjeção. É Mestre em Literatura e Doutor em Comunicação pela UnB, com passagem pela Sorbonne, e já ministrou cursos como “História do Cinema”, “Crítica de cinema e análise fílmica”, “Hitchcock e a ilusão do cinema”, “Cinema e filosofia” e “História dos Quadrinhos” para o Espaço Cult, Centro Cultural Banco do Brasil e Espaço Varanda. Escreveu para publicações como International Scientific Journal of Sapientia University, Eco-Pós, InTexto, Rebeca, Revista da Socine, Cerrados, 7 Faces, Cadernos de Semiótica Aplicada, Esferas, Correio Braziliense e Antílope. Escreve semanalmente a coluna “

ZIP – Quadrinhos e Cultura Pop

” para o Portal Metropoles. É membro fundador e editor-chefe da Raio Laser, na ativa desde 2011. Quadrinhos são sua mais primeva e indefectível paixão.

ciro@raiolaser.net

PEDRO BRANDT

é jornalista brasiliense, atuou em cadernos de cultura de diários da capital brasileira por uma década – escrevendo, especialmente, sobre música e histórias em quadrinhos. Desde 2012, trabalha com assessoria de imprensa e coordenação editorial para projetos e eventos culturais. Fundador do selo Discos Além, corresponsável pelo lançamento (até 2017) de três compactos em vinil: Modulares, Little Quail e Plato Divorak. Coautor da biografia (prevista para 2018)

Essência interior

, sobre o roqueiro Júpiter Maçã. Adicto em quadrinhos desde a infância, se interessa por, além de uma boa trama bem ilustrada, pelas intersecções e possibilidades históricas, geográficas, filosóficas e sociais das histórias em quadrinhos. É membro fundador e editor da Raio Laser.

pedro@raiolaser.net

LIMA NETO

é um apaixonado por quadrinhos. É professor, doutorando em Comunicação Social, mas se pudesse, só se comunicaria por gibi, por isso insiste em se descrever como

Quadrinista

e jura que em 2018 vai tirar o itálico. É um dos responsáveis pela loja

Kingdom Comics

, colocada no mundo há mais de 20 anos atrás pelo Marcos Maciel, e editor da revista

Brazilla

. Atualmente também trabalha com direção de arte para animação, e tira um I-Ching maroto que aprendeu por causa do livro

O Homem do Castelo Alto

.

lima@raiolaser.net

MÁRCIO PAIXÃO JÚNIOR

nasceu em Goiânia, em 1972. Produtor cultural, Mestre em Comunicação pela UnB e doutorando em Arte e Cultura Visual pela UFG, foi sócio-fundador da Monstro Discos, MMarte Produções e Escola Goiana de Desenho Animado. Criou o Goiânia Noise Festival e a TRASH – Mostra Internacional de Cinema Fantástico. Dirigiu

O Ogro

e

Rascunho da Bíblia

e produziu

Faroeste: um autêntico western

, entre outras animações. Editou as revistas Into, Voodoo! e Macaco. Desde 2007 realiza o Dia Internacional da Animação em Goiânia. Lançou, em 2015, o livro

COMICZZZT!: Rock e quadrinhos - possibilidades de interface

. Em 2017, lança

50

, livro produzido pelo Ateliê Tipográfico da Universidade Federal de Goiás, em que divide a autoria com Jaime Brasil. Quadrinista bissexto, é também vocalista da banda Mechanics.

mjr@raiolaser.net

MARCOS MACIEL DE ALMEIDA

:

 Criado numa realidade de violência e desesperança, Marcos liderou, com apenas 14 anos, a famigerada gangue do Tufão em Taguatinga-DF, na década de 80. Depois de barbarizar, por vários anos, a noite daquela cidade satélite, foi finalmente apreendido pela polícia e conduzido ao Centro de Apoio Juvenil Especializado (CAJE), local em que conheceu e passou a amar as Histórias em Quadrinhos. Recuperado de sua vida de transgressões e delinquência juvenil, fundou, em 1996, a loja especializada

Kingdom Comics

, em Brasília. Embora tenha deixado a empresa em 2007, continua acompanhando ativamente a cena quadrinística nacional e internacional, sem previsão de parar.

mma@raiolaser.net

POLLYANNA CARVALHO

: Diagramadora, roteirista amadora e ilustradora, responsável pelo layout e identidade do Raio Laser. Entusiasta de pesca, automobilismo, tricô, filmes de terror, Medical Detectives e colecionadora de Transformers.

polly@raiolaser.net