Lasercast #44 - Os Gibis da Guerra: Manifestações da Guerra em Quadrinhos

Lasercast #44 - Os Gibis da Guerra: Manifestações da Guerra em Quadrinhos

A guerra é um fenômeno que envolve arte e mídia. Partindo destas premissas, a equipe raiúka elabora longamente sobre suas leituras em quadrinhos de guerra, das origens à atualidade, em recorte específico mas não aleatório, que passeia por obras americanas, argentinas, italianas, francesas, japonesas, etc. Kurtzman, Tardi, Joe Kubert, Zerocalcare, Altarriba, Oesterheld, Gipi e muitos outros são abordados. Daqueles episódios densos típicos do melhor produzido no Lasercast.

Participam do debate: Márcio Júnior, Marcos Maciel de Almeida, Ciro Inácio Marcondes, e Pedro Brandt.

Edição: Eder Freire.

Disponível em: SPOTIFY, APPLE PODCASTS, GOOGLE PODCASTS, CASTBOX, ANCHOR, BREAKER, RADIOPUBLIC, POCKET CASTS, OVERCAST, DEEZER

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LASERCAST #10 - BIS: live dos quadrinhos europeus

LASERCAST #10 - BIS: live dos quadrinhos europeus

Em reprise recauchutada para formato podcast da live de julho, a equipe Raio Laser comenta o que leu de melhor, entre lançamentos recentes e outros nem tanto, de quadrinhos europeus publicados no Brasil.

São obras de veteranos, de novos (ou nem tanto assim) talentos e ainda autores inéditos por aqui, em títulos publicados pelas editoras Pipoca & Nanquim, Sesi-SP, Veneta e Quadrinhos na Cia:

“Beowulf” (Santiago Garcia & David Rubín), “Luz que fenece” (Barbara Baldi), “A louca do Sagrado Coração” (Jodorowsky & Moebius), “O Relatório de Brodeck” (Manu Larcenet), “Os Vampiros” (Filipe Melo & Juan Cavia), “Prof. Fall” (Ivan Brun & Tristan Perreton), “Caravaggio – O perdão” (Milo Manara), “Heimat” (Nora Krug), “Asa quebrada” (Antonio Altarriba & Kim), “Solitário” (Chabouté), “Blacksad – Amarillo” (Díaz Canales & Guarnido), “A grande odalisca” e “Olympia” (Bastien Vivés, Ruppert & Mullot).

Participam do debate: Márcio Jr., Lima Neto, Pedro Brandt, Marcos Maciel de Almeida e Ciro Inácio Marcondes

Edição: Eder Freire.

Disponível em: SPOTIFY, APPLE PODCASTS, GOOGLE PODCASTS, CASTBOX, ANCHOR, BREAKER, RADIOPUBLIC, POCKET CASTS, OVERCAST, DEEZER

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Paralelas - Maldita Guerra Civil Espanhola: No Pasarán x A arte de Voar

Paralelas - Maldita Guerra Civil Espanhola: No Pasarán x A arte de Voar

por Marcos Maciel de Almeida

Quando mais novo, certo dia vi uma camiseta da qual nunca me esqueci. Tratava-se da famosa cena de um soldado alvejado no campo de batalha. Com os braços jogados para o ar, estava prestes a deixar o mundo dos vivos. E em letras maiúsculas estava a – tão curta e dolorida – pergunta: “Por quê?”. Trata-se de imagem poderosa que até hoje sacode o coração de qualquer pessoa dotada de um mínimo de sensibilidade. Outra emoção desencadeada pela cena é a impotência diante de acontecimentos maiores que nós mesmos. É um daqueles momentos em que fica a sensação de que há muitas coisas entre o céu e a terra que fogem ao controle do cidadão comum. E em pleno 2020, mesmo após diversas décadas dos principais enfrentamentos armados que marcaram o século 20, ainda não nos é possível descartar totalmente a possibilidade de grandes conflitos internacionais ou domésticos. Motivada por causas raciais, econômicas e principalmente políticas, a tensão entre grupos de interesses diversos pode ser comparada ao gatilho de uma arma prestes a ser disparada. Caso haja distração, por menor que seja, o frágil tecido de paz social pode ser rasgado, com consequências imprevisíveis, mas certamente nefastas para todos os envolvidos.

Especialmente dolorosos são os conflitos civis que separam amigos e familiares, frequentemente de forma definitiva. E umas das mais emblemáticas conflagrações fratricidas presenciada na Era Contemporânea foi a Guerra Civil Espanhola, ocorrida entre 1936 e 1939. O conflito, espécie de balão de ensaio para a II Guerra Mundial, colocou em lados opostos os nacionalistas, frente heterogênea formada por grupos conservadores, religiosos, monarquistas e outros de feições fascistas; e os republicanos, formados por apoiadores da Segunda República Espanhola, que uniu, entre outros, anarquistas e comunistas. Os primeiros, liderados pelo General Franco, sagraram-se vencedores, tendo contado com o apoio da Alemanha Nazista e da Itália Fascista. Já os derrotados foram auxiliados pela União Soviética e pelas Brigadas Internacionais, que incluíam cidadãos de diversos países, principalmente Alemanha e França, que se deslocaram para a Espanha em prol da luta pela manutenção do governo republicano. Os embates no campo físico foram tão ou mais ferrenhos que aqueles que se desenvolveram no campo das ideias. Houve espaço para grupos de ideologias diversas no espectro político beirando tanto o extremismo de esquerda quanto o de direita. O radicalismo era crescente e havia aqueles que pregavam a extinção dos partidos comunistas, outros que defendiam o anticlericalismo e ainda quem lutasse pelo totalitarismo apartidário. As consequências desse complexo conflito foram – claro – mais duramente sentidas pelo povo espanhol, que teve de suportar a longa e feroz ditadura franquista, marcada por perseguição e execução de opositores.

Naturalmente que um evento de similar magnitude serviu de inspiração para o imaginário de toda uma geração de artistas em diversos campos, como literatura, artes plásticas e cinema. Servem de exemplo obras como o filme Terra e Liberdade de Ken Loach e o famoso quadro Guernica, de Pablo Picasso, em que o pintor malaguenho retrata, de forma sublime, o sofrimento descomunal advindo daquela guerra – e de tantas outras – para a população civil. Foi como ele disse: "Em Guernica expresso meu horror diante da casta militar que está saqueando a Espanha e transformando-a num oceano de tristeza e morte."

É claro que os quadrinhos também não seriam indiferentes a esse importante conflito. As HQs inspiradas pela Guerra Civil Espanholas são abundantes. Para analisar esse evento decidi focar em duas obras: No Pasarán (Corriere della Sera, 2020) e A Arte de Voar (Veneta, 2018). O primeiro é o olhar de um autor italiano, Vittorio Giardino, que não participou diretamente do conflito, mas que resolveu contá-lo a partir da ótica de seu personagem mais famoso, o ex-agente do serviço secreto francês Max Fridman. O segundo é uma obra de caráter fortemente pessoal escrita pelo espanhol Antonio Altarriba, também não participante da guerra, mas que recebeu relatos fidedignos de uma fonte que lá esteve, ninguém menos que o próprio pai, cuja vida pode ser resumida como desgraçada, para dizer o mínimo.

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