TRÊS BURACOS: DO CONTO DE BOTIJA AO BRASIL PROFUNDO

TRÊS BURACOS: DO CONTO DE BOTIJA AO BRASIL PROFUNDO

Viajando pelo sul do Pará, passamos perto da estrada de acesso para Curionópolis, cidade notória por abrigar o distrito de Serra Pelada. Nosso guia nos contou uma breve história sobre um tio desgarrado, que havia tentado a sorte no garimpo e perdido a vida em disputa pela fração de uma onça de ouro. Também nos contou sobre os “órfãos de Serra Pelada”, garimpeiros da região que guardam esperanças sebastiânicas sobre a reabertura das minas. Enquanto não puderem voltar a retirar ouro da terra, eles esperam. Para mim, naquela viagem dois anos atrás, uma percepção se consolidou: de Sierra Madre à Serra Pelada, histórias de garimpo sempre giram em torno de obsessão e morte.

Três Buracos, mais recente HQ do consagrado Shiko, usa um garimpo abandonado no interior da Paraíba como palco para um conto de botija (histórias de tesouros escondidos, que revelam-se aos afortunados através de sonhos). Nela, acompanhamos a busca árdua e obstinada da protagonista Tânia por uma enorme Turmalina Azul, escondida por seu pai em algum nicho profundo da mina localizada na propriedade que dá nome à história. Enquanto isso, Tânia também tem de lidar com os planos do irmão Canhoto, recém fugido da prisão, e a lealdade titubeante de sua companheira, Cleonice.

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