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por Ciro I. Marcondes
Al Feldstein é mais um daqueles nomes que hoje pairam
sob obscura sombra na história das HQs. Seu trabalho como editor, ilustrador e,
principalmente, de roteirista nas clássicas publicações da EC Comics nos anos
50 (e posteriormente em MAD) hoje parece, especialmente no Brasil, relegado a
um vão ostracismo, quando quadrinhos de horror, crime e ficção científica, tão
populares naquela segunda aurora para o comic
book, vão se tornando não apenas obsoletos, mas verdadeiras peças de
arqueologia. Um pulo na banca de jornal hoje e tudo o que se vê são dezenas de
publicações com os mesmos super-heróis de sempre, apenas remodelados para um design contemporâneo (de traço realista
e fino, pouco estilizado, geralmente colorido em computação gráfica), com a
diferença de sua ética e estética serem estrategicamente adaptados ao gosto
contemporâneo. Um nojo, em geral. Quadrinhos de péssimo gosto, sem imaginação
ou variabilidade de gênero.
Não deixa de ser irônico, portanto, que os
quadrinhos da EC, tão vilipendiados nos anos 50 devido a uma vultosa caça às
bruxas promovida tanto por setores moralistas da sociedade, quanto por
intelectuais, quanto pelo próprio governo americano, sejam hoje lidos por
aficcionados e colecionadores como trabalhos de qualidade estética, laboratório
para grandes desenhistas (como Wally Wood, Bill Elder e John Severin) e como
inventário de incríveis histórias, escabrosas, delirantes, anormais,
detestáveis. O “mau gosto” e o tom altamente politicamente incorreto dos
quadrinhos de horror e crime da EC, passados mais de 60 anos de suas
publicações originais, se tornaram quadrinhos de culto, ousados, fora dos
padrões de qualquer época para as HQs, verdadeiros tesouros elaborados por
mentes delirantes que viam este salto politicamente incorreto como um passo
além dos quadrinhos de aventuras, super-heróis e family strips que vinham sendo publicados nos Estados Unidos desde
os anos 1930.
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